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Embalsamar Chávez é esperança de perpetuar culto ao ex-líder

A decisão de embalsamar o corpo do ex-presidente faz com que seja mantida sua presença na memória dos venezuelanos, avaliam especialistas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2013 às 18h07.

Embalsamar o corpo do presidente Hugo Chávez e manter seu rosto intacto, como já foi feito com o líder soviético Lênin ou o norte-coreano Kim Il-Sung, responde a uma estratégia do regime venezuelano para perpetuar o culto à sua personalidade, avaliam especialistas.

Com a sua morte, "esta presença, este carisma que enchia absolutamente todos os vazios, para o bem ou para o mal, do dia a dia do venezuelano, perde uma força muito importante", afirmou Juan Carlos Triviño, cientista político da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona, Espanha.

"A ideia de embalsamá-lo é precisamente para manter de alguma forma esta presença material e tangível do presidente na memória dos venezuelanos", acrescentou, destacando que "pela primeira vez na história democrática da Venezuela, se celebra um culto à personalidade de um líder a partir do próprio Estado".

Uma decisão "estratégica" de seu entorno que, apesar da ausência de seu líder, "assume a responsabilidade de manter o 'chavismo'", sustentado durante anos pela forte personalidade do presidente, acrescentou.

"Certamente querem assegurar que o líder continue sendo um símbolo para a história e a luta do país" e embalsamá-lo é "uma forma muito visual e concreta de manter a lembrança do herói no povo", comentou Joseph Cheng, professor de ciência política da Universidade de Hong Kong.

"Graças ao culto à personalidade, podem-se criar muitos mitos para fortalecer o apoio do povo ao regime e suas políticas", destacou.

O vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, que nesta sexta-feira deve prestar juramento como presidente interino, causou sensação na véspera ao anunciar que o líder bolivariano seria embalsamado "como Lênin".


Vladimir Illich Lênin foi embalsamado após sua morte em 1924 e situado em um mausoléu na Praça Vermelha de Moscou, que atualmente está fechado para restauração e coberto por uma grande cúpula branca. Seu sucessor, Josef Stalin, também foi embalsamado ao morrer, em 1953.

Segundo uma pesquisa publicada em abril de 2012, a maioria dos russos (56%) é partidária de que o cadáver de Lênin seja enterrado, embora não seja um debate aberto entre a sociedade.

Na Coreia do Norte, centenas de visitantes desfilam diariamente, em silêncio, à frente dos restos de Kim Il-Sung, o "grande líder" norte-coreano, morto em 1994.

Com uma música revolucionária ao fundo, muitos norte-coreanos caem aos prantos quando se deparam frente a frente com o vidro que protege seu cadáver, vestido com um terno preto impecável e com o rosto coberto com uma espessa camada de maquiagem.

Na China, o corpo também embalsamado do líder comunista Mao Tsé-Tung, morto em 1976, repousa em um mausoléu erguido na popular praça da Paz Celestial de Pequim.

E no Vietnã, os sucessores do fundador do partido comunista, Ho Chi Minh, decidiram embalsamá-lo após sua morte em 1969, apesar de ter pedido para ser incinerado. Seu corpo se expõe em um mausoléu de mármore e granito instalado em Hanói, no mesmo local onde declarou a independência do país em 1945.


O embalsamamento de Lênin, Stalin, Ho Chi Minh e Kim Il-Sung, assim como o líder comunista búlgaro Georgi Dimitrov, falecido em 1949, levam a assinatura do mesmo laboratório russo.

Esta técnica de embalsamar "é bastante complicada, pois não se tratam de múmias reais", explicou o francês Philipe Charlier, médico legista, antropólogo e historiador.

"O cadáver precisa ser conservado de forma mais ou menos completa, mediante injeção de formol, de produtos desinfetantes e desidratantes, e seguidamente é recoberto com cera, como na múmia de Santa Teresa por exemplo", detalhou.

Isto permite "conservar a integridade física do indivíduo, assim como um rosto relaxado, belo e agradável".

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Embalsamar o corpo do presidente Hugo Chávez e manter seu rosto intacto, como já foi feito com o líder soviético Lênin ou o norte-coreano Kim Il-Sung, responde a uma estratégia do regime venezuelano para perpetuar o culto à sua personalidade, avaliam especialistas.

Com a sua morte, "esta presença, este carisma que enchia absolutamente todos os vazios, para o bem ou para o mal, do dia a dia do venezuelano, perde uma força muito importante", afirmou Juan Carlos Triviño, cientista político da Universidade Pompeu Fabra de Barcelona, Espanha.

"A ideia de embalsamá-lo é precisamente para manter de alguma forma esta presença material e tangível do presidente na memória dos venezuelanos", acrescentou, destacando que "pela primeira vez na história democrática da Venezuela, se celebra um culto à personalidade de um líder a partir do próprio Estado".

Uma decisão "estratégica" de seu entorno que, apesar da ausência de seu líder, "assume a responsabilidade de manter o 'chavismo'", sustentado durante anos pela forte personalidade do presidente, acrescentou.

"Certamente querem assegurar que o líder continue sendo um símbolo para a história e a luta do país" e embalsamá-lo é "uma forma muito visual e concreta de manter a lembrança do herói no povo", comentou Joseph Cheng, professor de ciência política da Universidade de Hong Kong.

"Graças ao culto à personalidade, podem-se criar muitos mitos para fortalecer o apoio do povo ao regime e suas políticas", destacou.

O vice-presidente venezuelano Nicolás Maduro, que nesta sexta-feira deve prestar juramento como presidente interino, causou sensação na véspera ao anunciar que o líder bolivariano seria embalsamado "como Lênin".


Vladimir Illich Lênin foi embalsamado após sua morte em 1924 e situado em um mausoléu na Praça Vermelha de Moscou, que atualmente está fechado para restauração e coberto por uma grande cúpula branca. Seu sucessor, Josef Stalin, também foi embalsamado ao morrer, em 1953.

Segundo uma pesquisa publicada em abril de 2012, a maioria dos russos (56%) é partidária de que o cadáver de Lênin seja enterrado, embora não seja um debate aberto entre a sociedade.

Na Coreia do Norte, centenas de visitantes desfilam diariamente, em silêncio, à frente dos restos de Kim Il-Sung, o "grande líder" norte-coreano, morto em 1994.

Com uma música revolucionária ao fundo, muitos norte-coreanos caem aos prantos quando se deparam frente a frente com o vidro que protege seu cadáver, vestido com um terno preto impecável e com o rosto coberto com uma espessa camada de maquiagem.

Na China, o corpo também embalsamado do líder comunista Mao Tsé-Tung, morto em 1976, repousa em um mausoléu erguido na popular praça da Paz Celestial de Pequim.

E no Vietnã, os sucessores do fundador do partido comunista, Ho Chi Minh, decidiram embalsamá-lo após sua morte em 1969, apesar de ter pedido para ser incinerado. Seu corpo se expõe em um mausoléu de mármore e granito instalado em Hanói, no mesmo local onde declarou a independência do país em 1945.


O embalsamamento de Lênin, Stalin, Ho Chi Minh e Kim Il-Sung, assim como o líder comunista búlgaro Georgi Dimitrov, falecido em 1949, levam a assinatura do mesmo laboratório russo.

Esta técnica de embalsamar "é bastante complicada, pois não se tratam de múmias reais", explicou o francês Philipe Charlier, médico legista, antropólogo e historiador.

"O cadáver precisa ser conservado de forma mais ou menos completa, mediante injeção de formol, de produtos desinfetantes e desidratantes, e seguidamente é recoberto com cera, como na múmia de Santa Teresa por exemplo", detalhou.

Isto permite "conservar a integridade física do indivíduo, assim como um rosto relaxado, belo e agradável".

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