Petróleo: líder russo e saudita se encontraram na semana passada para discutir aumento na produção do combustível. Opep concordou com aumento, nesta sexta-feira
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2018 às 18h48.
Última atualização em 22 de junho de 2018 às 21h40.
Os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o governo da Rússia concordaram, nesta sexta-feira, em aumentar a produção do petróleo mundial, aliviando parcialmente um corte combinado no ano passado.
Após uma reunião na cidade europeia de Viena, a Opep – que é composta por Argélia, Angola, Equador, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela – decidiu que, a partir de julho, vai produzir mais um milhão de barris de petróleo por dia, o que equivale a 1% da produção mundial.
A decisão coloca um ponto final no impasse entre os líderes da produção de petróleo, Arábia Saudita e Rússia, e o governo do Irã. Nas últimas semanas, o país se mostrou contrário ao aumento, alegando que, junto com a Venezuela, teria dificuldades para aumentar a produção. As dificuldades, segundo o governo iraniano, seriam causados pelas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos. Para a Venezuela, que está em grave crise econômica, a perspectiva de aumento da produção também não era uma realidade. Quem também pressionava por uma decisão era o governo americano, que acusava a Organização de manter os preços “artificialmente altos”.
A produção estava reduzida após um acordo, no ano passado, entre os membros da Organização, que tinha como objetivo elevar os preços no mercado do combustível. Porém, com a redução das produções da Venezuela, da Líbia e da Angola (por motivos políticos e econômicos), a oferta foi bruscamente reduzida, o que poderia gerar desequilíbrios no mercado global.
A produção será aumentada a partir de julho, mas o mercado não sentirá a mudança imediatamente. De acordo com o ministro de Energia saudita, Khalid al-Falih, o mundo deve enfrentar um grande déficit por petróleo no segundo semestre deste ano. Analistas mais conservadores esperam um aumento de cerca de dois terços do esperado por al-Falih, algo em torno de 600.000 e 800.000 barris diariamente.
Aqui no Brasil o impacto poderá ser sentido. Com a política de preços baseada na variação do câmbio, a queda no preço do petróleo, causada pelo aumento da oferta, pode causar a queda do preço dos combustíveis.
Quem só tem a comemorar a decisão é o presidente russo Vladimir Putin. O encontro com o príncipe saudita Mohammed bin Salman, no jogo de estreia da Copa, mostrou o resultado esperado. Sediando a Copa do Mundo, Putin conseguiu mais espaço no cenário geopolítico, se encontrando ainda com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, com a princesa japonesa Takamado, com líderes do Panamá e do Senegal e com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. Como se não bastassem vitórias políticas, a seleção da Rússia tem 100% de aproveitamento na fase de grupos, e garantiu sua vaga nas oitavas de final do mundial.