O Colégio Eleitoral, com 538 delegados, define a presidência dos EUA e prioriza estados indecisos (Brandon Bell/Rebecca Noble/AFP/Getty Images)
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Publicado em 4 de novembro de 2024 às 18h00.
A eleição presidencial dos Estados Unidos é organizada de forma única: em vez do voto direto, o sistema é mediado pelo Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados.
Para se tornar presidente, um candidato precisa conquistar pelo menos 270 desses votos, o que cria um cenário de competição por delegados em cada estado, ao invés de uma corrida nacional pelo voto popular. Em 48 dos 50 estados, a regra é winner-takes-all, ou seja, o candidato mais votado leva todos os delegados daquele estado.
Cada estado tem um número específico de delegados, baseado em sua população em comparação com o total do país. A Califórnia, com a maior população, tem direito a 54 representantes.
Em contrapartida, estados menos populosos, como Wyoming e Vermont, possuem o mínimo de três delegados, o que significa que os estados menores acabam ganhando mais peso no Colégio Eleitoral do que na votação direta.
O modelo atual também permite divisões em estados como Maine e Nebraska, onde os delegados são repartidos de acordo com o desempenho dos candidatos em distritos eleitorais, diferentemente do esquema winner-takes-all.
O modelo faz com que os candidatos concentrem esforços nas regiões conhecidas como "estados-pêndulo", locais onde os votos podem definir a eleição. A atenção acaba sendo menor em estados densamente populados e de preferência partidária estável.
Esse sistema já gerou distorções: um candidato pode vencer no voto popular, mas perder no Colégio Eleitoral, como ocorreu em 2016, quando Donald Trump, mesmo com menos votos totais do que Hillary Clinton, levou 306 delegados contra os 232 de sua oponente. O Colégio Eleitoral, ao mesmo tempo em que valoriza estados menores, também faz da corrida presidencial uma disputa por delegados estratégicos, tornando os estados indecisos verdadeiros protagonistas da eleição.
O Colégio Eleitoral não é um local, mas um processo, como explica um guia do Arquivo Nacional dos EUA. Assim, não há um encontro formal dos delegados: cada estado envia seus votos ao Congresso, que faz a leitura deles e certifica a vitória do novo presidente. Esse ritual de certificação era visto como mera formalidade e atraía pouca atenção, até que, em 6 de janeiro de 2021, o evento foi interrompido por uma invasão ao Congresso americano. Apoiadores de Donald Trump, que buscava a reeleição, tentaram impedir a confirmação da derrota dele. A sessão foi interrompida, houve confrontos entre a polícia e manifestantes, e o dia terminou com cinco mortos. Apesar disso, a certificação da vitória de Joe Biden foi concluída naquela noite.
A posse é realizada em 20 de janeiro. O novo presidente faz um juramento em frente ao Congresso e, em seguida, costuma fazer um desfile pela Avenida Pensilvânia, que liga a sede do Legislativo à Casa Branca, marcando o início de um mandato de quatro anos.