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Eleições em Andaluzia marcam avanço da extrema direita na Espanha

Pela primeira vez desde a criação da autonomia andaluz, a direita conquista a maioria parlamentar na região mais povoada da Espanha

Espanha: superando todas as expectativas, o Vox elegeu 12 deputados e obteve quase 11% dos votos (Marcelo Del Pozo/Reuters)

Espanha: superando todas as expectativas, o Vox elegeu 12 deputados e obteve quase 11% dos votos (Marcelo Del Pozo/Reuters)

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AFP

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 12h55.

Última atualização em 3 de dezembro de 2018 às 12h56.

O partido espanhol de extrema direita Vox entrará com força no Parlamento regional da Andaluzia, em eleições onde os partidos conservadores quebraram pela primeira vez a hegemonia local do socialismo, o que representa um golpe para o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez.

Superando todas as expectativas, que lhe davam um máximo de cinco dos 109 deputados na câmara regional, o Vox elegeu 12 deputados e obteve quase 11% dos votos, segundo a apuração de 99% das cédulas.

Esta é a primeira vez em que um partido de extrema direita entra em um parlamento regional da Espanha.

"O Vox triunfa na Andaluzia! Doze cadeiras e o fim do regime socialista", publicou no Twitter o partido, nascido no fim de 2013, que fez campanha contra os separatistas catalães, a imigração ilegal e o feminismo.

Pela primeira vez desde a criação da autonomia andaluz, a direita conquista a maioria parlamentar na região mais povoada da Espanha, 59 cadeiras, somando as do Vox e dos partidos Popular (26 deputados) e Cidadãos (21).

"A mudança chegou à Andaluzia, e chegou pela porta principal", comemorou o líder regional do Cidadãos, Juan Marín.

A atual presidente e candidata à reeleição, Susana Díaz, obteve para o Partido Socialista o pior resultado histórico (33 deputados) na região, que governa desde 1982. Mesmo com um eventual apoio da esquerda radical do Podemos (17 deputados), o PSOE não teria a maioria na câmara.

O resultado destas eleições também representa um golpe para o socialista Pedro Sánchez, que, desde junho, dirige o governo mais minoritário em 40 anos de democracia na Espanha.

Caso se forme uma coalizão de direita, o PSOE perderá o poder em seu maior celeiro de votos em nível nacional, a poucos meses das eleições municipais, regionais e europeias de maio de 2019, e das eleições legislativas gerais do ano que vem.

Na última sexta-feira, o líder do PP, Pablo Casado, já havia citado as eleições andaluzes como um primeiro passo para tirar o PSOE do poder na Espanha. Se o socialismo deixar o poder na Andaluzia, "seria insustentável que o Partido Socialista continue governando com 84 das 350 cadeiras na câmara baixa e sua autonomia mais importante nas mãos do PP.

Além dos equilíbrios de força em nível nacional, os grandes temas da campanha foram o desemprego (23% na região, bem acima da média espanhola), os serviços sociais e a corrupção.

Atualmente, está em andamento em Sevilha o julgamento de 22 ex-dirigentes socialistas andaluzes, entre eles os ex-presidentes regionais Manuel Chaves e José Antonio Griñán, pelo suposto manejo fraudulento de um fundo público de 854 milhões de euros entre 2000 e 2011.

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