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Eleição presidencial de Camarões é marcada por atrasos e falta de material

Em algumas regiões - como a de Douala, a cidade mais povoada do país -, a votação começou com quase cinco horas de atraso por falta de cédulas

Douala, em Camarões: votação começou com quase cinco horas de atraso por falta de cédulas, mesmo problema registrado em outros colégios eleitorais da capital Yaoundé (Wikimedia Commons)

Douala, em Camarões: votação começou com quase cinco horas de atraso por falta de cédulas, mesmo problema registrado em outros colégios eleitorais da capital Yaoundé (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2011 às 15h59.

Yaoundé - Atrasos e falta de material eleitoral marcaram a eleição presidencial em Camarões, que foi realizada neste domingo e contou com uma baixa participação da população.

Em algumas regiões - como a de Douala, a cidade mais povoada do país -, a votação começou com quase cinco horas de atraso por falta de cédulas, mesmo problema registrado em outros colégios eleitorais da capital Yaoundé.

'Não vale a pena votar, vendo a forma que a eleição está sendo organizada. Tudo está a favor da vitória de Paul Biya (presidente camaronês, que está há 29 anos no poder). Eu vim votar, mas prefiro voltar para casa sem cumprir minha missão', declarou à Agência Efe um eleitor que pediu anonimato.

Pouco antes do fechamento das urnas, às 14h (horário de Brasília), os colégios eleitorais não apresentavam longas filas e, em geral, registravam baixos índices de participação.

'Aqui há 458 eleitores registrados, e até agora só 50 pessoas apareceram para votar', afirmou Paul Ombiono, responsável pelo colégio eleitoral do bairro de Bastos, em Yaoundé. Ombiono declarou que votou em Biya, candidato à reeleição pelo partido Reagrupamento Democrático do Povo Camaronês (RDPC).

Segundo os eleitores, a baixa participação também foi influenciada por uma mensagem divulgada pelo reverendo Bertin Kisob. Nesta, o sacerdote e líder de um improvisado grupo armado anunciou o início de uma revolução para tomar o poder de Biya. Pelo mesmo motivo, Kisob pediu aos camaroneses que boicotassem as eleições e ficassem em suas casas.

No final de setembro, um grupo de manifestantes armados bloqueou uma ponte de Wuri, a mais importante de Douala, para exigir a renúncia de Biya. A ação foi uma reivindicação de Kisob, divulgada através de seu blog.

Além disso, em Bamenda (reduto do partido opositor Frente Democrática Social, SDF), vários eleitores declararam que 'responsáveis do partido de Biya estão pagando US$ 4 para quem sair do colégio eleitoral com a cédula do SDF em branco'.

No entanto, fontes da Comissão Eleitoral de Camarões (Elecam) garantiram que a eleição foi realizada em um clima de normalidade. O diretor-geral da Elecam, Mohaman Sani Tanimou, disse que 'os testemunhos que chegaram de todo o país são positivos'. Já Kalep Fopa, da missão de observação da Commowealth, afirmou que nos distritos de Yaoundé tudo ocorreu de maneira tranquila.

Além de Biya, outros 22 candidatos concorrem à presidência de Camarões. Entre eles se destaca John Fru Ndi, do SDF, que chegou a derrotar Biya na primeira eleição presidencial pluripartidária, realizada em 1992. Aquele pleito foi qualificado como fraudulento por diversos observadores internacionais, entre eles dos Estados Unidos. Com a polêmica, a Corte Suprema local concedeu a vitória a Biya, segundo presidente camaronês desde a independência do país.

Nesta eleição, a situação não deverá ser diferente, já que a maioria dos analistas aponta Biya como vencedor.

A Comissão Eleitoral anunciará os resultados definitivos no dia 24 de outubro, mas fontes da Elecam garantiram que números provisórios serão divulgados ao longo da próxima semana.

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