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Egito declara emergência após mortes em protestos

Dezenas de pessoas foram mortas em protestos que varreram o país e agravaram a crise política que acua Mohamed Mursi

Tropa de choque prende um manifestante (centro) que protesta contra o presidente egípcio, Mohamed Mursi, no Cairo (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2013 às 10h14.

Cairo - O presidente do Egito , Mohamed Mursi, decretou estado de emergência durante um mês em três cidades do canal de Suez, onde dezenas de pessoas foram mortas em protestos que varreram o país e agravaram a crise política que acua o líder islâmico.

Centenas de manifestantes em Port Said, Suez e Ismailia se voltaram contra a decisão depois de ouvirem o anúncio de Mursi na noite de domingo, em reação a incidentes que deixaram 49 mortos desde a semana passada.

A situação é mais grave em Port Said, onde 40 pessoas morreram em dois dias. Os distúrbios foram desencadeados no sábado pela condenação à morte de várias pessoas da cidade por ligação com um letal tumulto num estádio de futebol no ano passado. No domingo, participantes de funerais na cidade, onde armas são comuns, voltaram sua ira contra Mursi.

A violência nas cidades egípcias já chega ao quinto dia. A polícia voltou a usar gás lacrimogêneo contra dezenas de jovens que atiravam pedras na manhã de segunda-feira na praça Tahrir, no Cairo, onde há semanas estão acampados manifestantes que acusam Mursi de trair a revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak, há dois anos.

"Queremos derrubar o regime e acabar com o Estado que é gerido pela Irmandade Muçulmana", disse o cozinheiro Ibrahim Eissa, de 26 anos, que protegia o rosto do gás lacrimogêneo que pairava na praça Tahrir, epicentro da revolta de 2011.


Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, prometeu "confrontar qualquer ameaça à segurança com força e firmeza, dentro do que permite a lei".

Num apelo aos oponentes laicos e liberais, ele convocou um diálogo nacional para segunda-feira às 18h (14h em Brasília), incluindo também aliados islâmicos.

A Frente de Salvação Nacional, principal grupo de oposição, disse que vai se reunir na segunda-feira para discutir a oferta. Mas alguns opositores já sinalizaram que não esperam muito da reunião, que pode ficar esvaziada.

"A não ser que o presidente assuma a responsabilidade pelos incidentes sangrentos e prometa formar um governo de salvação nacional e uma comissão equilibrada para emendar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo", escreveu no Twitter o influente político liberal Mohamed el Baradei.

Ativistas nas três cidades atingidas pelo estado de emergência prometeram desafiar o toque de recolher a ser imposto diariamente das 21h às 6h. Alguns grupos de oposição também convocaram mais protestos para a segunda-feira.

Críticos dizem que a decretação de emergência é um retrocesso para o Egito, que passou os 30 anos do regime de Mubarak sob um estado de exceção que permitia a repressão a grupos islâmicos de oposição, inclusive a Irmandade Muçulmana.

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Cairo - O presidente do Egito , Mohamed Mursi, decretou estado de emergência durante um mês em três cidades do canal de Suez, onde dezenas de pessoas foram mortas em protestos que varreram o país e agravaram a crise política que acua o líder islâmico.

Centenas de manifestantes em Port Said, Suez e Ismailia se voltaram contra a decisão depois de ouvirem o anúncio de Mursi na noite de domingo, em reação a incidentes que deixaram 49 mortos desde a semana passada.

A situação é mais grave em Port Said, onde 40 pessoas morreram em dois dias. Os distúrbios foram desencadeados no sábado pela condenação à morte de várias pessoas da cidade por ligação com um letal tumulto num estádio de futebol no ano passado. No domingo, participantes de funerais na cidade, onde armas são comuns, voltaram sua ira contra Mursi.

A violência nas cidades egípcias já chega ao quinto dia. A polícia voltou a usar gás lacrimogêneo contra dezenas de jovens que atiravam pedras na manhã de segunda-feira na praça Tahrir, no Cairo, onde há semanas estão acampados manifestantes que acusam Mursi de trair a revolução que derrubou o regime de Hosni Mubarak, há dois anos.

"Queremos derrubar o regime e acabar com o Estado que é gerido pela Irmandade Muçulmana", disse o cozinheiro Ibrahim Eissa, de 26 anos, que protegia o rosto do gás lacrimogêneo que pairava na praça Tahrir, epicentro da revolta de 2011.


Mursi, ligado à Irmandade Muçulmana, prometeu "confrontar qualquer ameaça à segurança com força e firmeza, dentro do que permite a lei".

Num apelo aos oponentes laicos e liberais, ele convocou um diálogo nacional para segunda-feira às 18h (14h em Brasília), incluindo também aliados islâmicos.

A Frente de Salvação Nacional, principal grupo de oposição, disse que vai se reunir na segunda-feira para discutir a oferta. Mas alguns opositores já sinalizaram que não esperam muito da reunião, que pode ficar esvaziada.

"A não ser que o presidente assuma a responsabilidade pelos incidentes sangrentos e prometa formar um governo de salvação nacional e uma comissão equilibrada para emendar a Constituição, qualquer diálogo será perda de tempo", escreveu no Twitter o influente político liberal Mohamed el Baradei.

Ativistas nas três cidades atingidas pelo estado de emergência prometeram desafiar o toque de recolher a ser imposto diariamente das 21h às 6h. Alguns grupos de oposição também convocaram mais protestos para a segunda-feira.

Críticos dizem que a decretação de emergência é um retrocesso para o Egito, que passou os 30 anos do regime de Mubarak sob um estado de exceção que permitia a repressão a grupos islâmicos de oposição, inclusive a Irmandade Muçulmana.

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