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Egípcios vão às urnas com esperança de decidir seu futuro pela primeira vez

Pleito para escolher o Parlamento é o primeiro após a queda do regime de Hosni Mubarak e é também o primeiro de caráter livre na história do país

Desde a primeira hora da manhã, centenas de pessoas aguardaram com paciência longas filas, inclusive antes da abertura dos colégios eleitorais, para não perder sua oportunidade de participar da "festa da democracia" (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2011 às 18h13.

Cairo - Em clima de tranquilidade, os egípcios foram nesta segunda-feira às urnas participar das eleições legislativas com a esperança de que pela primeira vez, por meio do voto, decidam o futuro do país.

Embora os últimos dias tenham sido marcados por protestos para exigir a renúncia da junta militar - que tiveram saldo de mais de 40 mortos -, os eleitores não se desanimaram e depositaram suas cédulas com a típica esperança de principiantes.

Este pleito para escolher o Parlamento é o primeiro após a queda do regime de Hosni Mubarak, ocorrida em fevereiro, e é também o primeiro de caráter livre na história do país, onde a maioria de seus 80 milhões de habitantes nunca havia exercido o direito ao voto.

Desde a primeira hora da manhã, centenas de pessoas aguardaram com paciência longas filas, inclusive antes da abertura dos colégios eleitorais, para não perder sua oportunidade de participar da "festa da democracia".

"A votação de hoje é muito diferente em relação à de outros anos porque, pela primeira vez, votamos de verdade", afirmou à Agência Efe a jovem Fatma Farouk, que cobria o cabelo com o "hiyab".

De forma parecida expressou-se Bahat Najib, que apoia os liberais Egípcios Livres e explicou que todos os seus conhecidos foram às urnas porque agora votam de "forma democrática", enquanto antes "o resultado estava cem por cento decidido".

Embora o ambiente nos colégios, fiscalizados pela polícia e o exército, fosse predominantemente pacífico e não tivessem sido registrados graves problemas de segurança, houve várias denúncias de infrações eleitorais, feitas por partidos políticos e constatadas pela Agência Efe.


O presidente da Comissão Eleitoral egípcia, Abdelmoaiz Ibrahim, reconheceu irregularidades, entre elas ações de propaganda nos centros de votação, mas afirmou que estas "não afetam o processo eleitoral".

Tudo começou com a abertura tardia de vários colégios eleitorais, o que levou a Junta Eleitoral a estender o horário de votação nos mesmos, e continuou com algumas práticas que lembraram os pleitos da época de Mubarak, tachados sempre como fraudulentos.

O diretor de Operações do partido Egípcios Livres - o mais importante da coligação laica Bloco Egípcio -, Walid Daoudi, explicou à Agência Efe que sua formação constatou "muitas irregularidades", entre elas "a compra de votos e a existência de cédulas falsas".

Essas acusações foram comprovadas por jornalistas da Efe, que testemunharam um homem de meia idade discretamente entregando dinheiro na entrada de uma mesa eleitoral a uma pessoa que havia acabado de depositar suas cédulas na urna do colégio Samaya, localizado no popular bairro de Bulaq.

Além disso, a maioria dos partidos repartiu panfletos, e carros equipados com alto-falantes pediam votos para determinados candidatos, embora essas práticas sejam proibidas por lei.

O próprio secretário-geral do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), Saad el Katatni, reconheceu à Agência Efe que "todos os partidos distribuíram folhetos", mas destacou que o dia foi de "festa da democracia" e firmou as bases para a transição no país.

O Bloco Egípcio, que se mostrou "feliz pela intensa participação popular", pediu às autoridades eleitorais e à junta militar que "assumam suas responsabilidades para pôr fim às violações".


Apesar de tudo, o funcionário público Tayyip Ahmed, de 63 anos, da mesma forma que muitos de seus compatriotas, disse que "o povo confia na Irmandade Muçulmana" e quer ser governado por "alguém que diga a verdade".

Para Ahmed, os egípcios têm que exercer seu direito ao voto porque "se as pessoas não participarem das eleições, não haverá organização, nem governantes".

Esta opinião não era compartilhada por muitos dos acampados na emblemática praça Tahrir, epicentro da revolução egípcia e dos recentes protestos contra a junta militar, que se debatiam entre a abstenção e o voto.

"Pensava em ir amanhã votar em Alexandria, mas estamos vendo tantas irregularidades que agora estou perdendo a vontade", disse à Agência Efe Hisham Ezat, membro da chamada Coalizão de Jovens da Revolução.

Estas históricas eleições, que se prolongarão até março, são realizadas em três etapas, e a primeira delas, que continua amanhã, terá a participação de mais de 17 milhões de egípcios em nove províncias, entre elas Cairo e Alexandria.

Apesar do complicado processo eleitoral, das infrações e das dúvidas de alguns sobre a tutela dos dirigentes militares, os egípcios votaram hoje com a esperança de que a transição política siga seu curso.

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Cairo - Em clima de tranquilidade, os egípcios foram nesta segunda-feira às urnas participar das eleições legislativas com a esperança de que pela primeira vez, por meio do voto, decidam o futuro do país.

Embora os últimos dias tenham sido marcados por protestos para exigir a renúncia da junta militar - que tiveram saldo de mais de 40 mortos -, os eleitores não se desanimaram e depositaram suas cédulas com a típica esperança de principiantes.

Este pleito para escolher o Parlamento é o primeiro após a queda do regime de Hosni Mubarak, ocorrida em fevereiro, e é também o primeiro de caráter livre na história do país, onde a maioria de seus 80 milhões de habitantes nunca havia exercido o direito ao voto.

Desde a primeira hora da manhã, centenas de pessoas aguardaram com paciência longas filas, inclusive antes da abertura dos colégios eleitorais, para não perder sua oportunidade de participar da "festa da democracia".

"A votação de hoje é muito diferente em relação à de outros anos porque, pela primeira vez, votamos de verdade", afirmou à Agência Efe a jovem Fatma Farouk, que cobria o cabelo com o "hiyab".

De forma parecida expressou-se Bahat Najib, que apoia os liberais Egípcios Livres e explicou que todos os seus conhecidos foram às urnas porque agora votam de "forma democrática", enquanto antes "o resultado estava cem por cento decidido".

Embora o ambiente nos colégios, fiscalizados pela polícia e o exército, fosse predominantemente pacífico e não tivessem sido registrados graves problemas de segurança, houve várias denúncias de infrações eleitorais, feitas por partidos políticos e constatadas pela Agência Efe.


O presidente da Comissão Eleitoral egípcia, Abdelmoaiz Ibrahim, reconheceu irregularidades, entre elas ações de propaganda nos centros de votação, mas afirmou que estas "não afetam o processo eleitoral".

Tudo começou com a abertura tardia de vários colégios eleitorais, o que levou a Junta Eleitoral a estender o horário de votação nos mesmos, e continuou com algumas práticas que lembraram os pleitos da época de Mubarak, tachados sempre como fraudulentos.

O diretor de Operações do partido Egípcios Livres - o mais importante da coligação laica Bloco Egípcio -, Walid Daoudi, explicou à Agência Efe que sua formação constatou "muitas irregularidades", entre elas "a compra de votos e a existência de cédulas falsas".

Essas acusações foram comprovadas por jornalistas da Efe, que testemunharam um homem de meia idade discretamente entregando dinheiro na entrada de uma mesa eleitoral a uma pessoa que havia acabado de depositar suas cédulas na urna do colégio Samaya, localizado no popular bairro de Bulaq.

Além disso, a maioria dos partidos repartiu panfletos, e carros equipados com alto-falantes pediam votos para determinados candidatos, embora essas práticas sejam proibidas por lei.

O próprio secretário-geral do Partido Liberdade e Justiça (PLJ), Saad el Katatni, reconheceu à Agência Efe que "todos os partidos distribuíram folhetos", mas destacou que o dia foi de "festa da democracia" e firmou as bases para a transição no país.

O Bloco Egípcio, que se mostrou "feliz pela intensa participação popular", pediu às autoridades eleitorais e à junta militar que "assumam suas responsabilidades para pôr fim às violações".


Apesar de tudo, o funcionário público Tayyip Ahmed, de 63 anos, da mesma forma que muitos de seus compatriotas, disse que "o povo confia na Irmandade Muçulmana" e quer ser governado por "alguém que diga a verdade".

Para Ahmed, os egípcios têm que exercer seu direito ao voto porque "se as pessoas não participarem das eleições, não haverá organização, nem governantes".

Esta opinião não era compartilhada por muitos dos acampados na emblemática praça Tahrir, epicentro da revolução egípcia e dos recentes protestos contra a junta militar, que se debatiam entre a abstenção e o voto.

"Pensava em ir amanhã votar em Alexandria, mas estamos vendo tantas irregularidades que agora estou perdendo a vontade", disse à Agência Efe Hisham Ezat, membro da chamada Coalizão de Jovens da Revolução.

Estas históricas eleições, que se prolongarão até março, são realizadas em três etapas, e a primeira delas, que continua amanhã, terá a participação de mais de 17 milhões de egípcios em nove províncias, entre elas Cairo e Alexandria.

Apesar do complicado processo eleitoral, das infrações e das dúvidas de alguns sobre a tutela dos dirigentes militares, os egípcios votaram hoje com a esperança de que a transição política siga seu curso.

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