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Donetsk registra mortes um dia após concessões do governo

Dois civis morreram baleados em Donetsk, um dia após aprovar mais autonomia e realizar eleições nas regiões separatistas pró-Rússia

Soldado ucraniano nos arredores de Donetsk, no leste do país (Anatolii Stepanov/AFP)

Soldado ucraniano nos arredores de Donetsk, no leste do país (Anatolii Stepanov/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2014 às 13h45.

Kiev - Dois civis morreram baleados em Donetsk, no leste da Ucrânia, e os combates prosseguiam nesta quarta-feira nos arredores do aeroporto da cidade, um dia depois de Kiev aprovar conceder mais autonomia e realizar eleições nas regiões separatistas pró-Rússia.

"Duas pessoas civis morreram e três ficaram feridas", indicou nesta quarta-feira a prefeitura do reduto separatista de Donetsk.

Seu aeroporto, sob o controle do exército ucraniano, é palco há dias de trocas de tiros de artilharia, apesar do cessar-fogo assinado entre Kiev e os insurgentes pró-russos no dia 5 de setembro em Minsk.

Segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais do exército e das autoridades locais, as duas novas vítimas elevam a 30 o balanço de mortos - 14 civis e 16 militares - desde a entrada em vigor do acordo.

Neste contexto, os deputados ucranianos adotaram na terça-feira um projeto de lei para conceder um status especial às regiões dos redutos separatistas de Donetsk e Lugansk, a realização de eleições no dia 7 de dezembro, e uma lei de anistia com condições para os combatentes.

Estes textos, adotados no mesmo dia em que os Parlamentos ucraniano e europeu ratificaram o Acordo de Associação entre Kiev e a UE - o que afasta ainda mais a Ucrânia da esfera de Moscou - são vistos como um gesto de abertura do presidente ucraniano, Petro Poroshenko.

Além disso, formam parte das condições do acordo de cessar-fogo assinado para colocar fim a um conflito que deixou quase 2.900 mortos e mais de meio milhão de deslocados em cinco meses.

A União Europeia (UE) considerou nesta quarta-feira que a anistia aos combatentes pró-russos e a lei que concede o status especial a Donetsk e Lugansk são passos importantes para uma solução política.

"A anistia e o status especial são passos importantes para encontrar uma solução política duradoura", indicou Maja Kojicancic, porta-voz do serviço diplomático do bloco.

"Nosso ponto de vista é que a Ucrânia cumpriu com seus compromissos do plano de paz", acrescentou.

Em um comunicado enviado pelos serviço diplomático da UE posteriormente, um porta-voz informou que a UE "está à espera de que a Rússia e os separatistas implementem em breve os pontos pendentes do acordo de Minsk, em particular a retirada da Ucrânia dos grupos armados ilegais, do equipamento militar e dos combatentes e mercenários".

Rejeição à eleição

O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, Alexandre Zajarshenko, disse nesta quarta-feira que os separatistas pró-russos rejeitam que as autoridades ucranianas organizem eleições antecipadas na região do Donbass.

"Temos nosso próprio conselho supremo e decidiremos quais eleições organizar e em que data", afirmou, segundo a agência russa Interfax.

Por sua vez, o líder separatista de Lugansk Alexei Karyakin declarou à agência Itar-Tass que as medidas de Kiev eram "um passo na direção certa".

Kiev prevê estabelecer um governo autônomo provisório de três anos a partir da adoção do texto e a realização de eleições em nível "de distritos, conselhos municipais e conselhos locais" nas regiões de Donetsk e Lugansk.

O Estado também garante a utilização do russo no setor público, para relaxar os temores dos habitantes ocais, principalmente de língua russa, de que fossem proibidos de usar essa língua.

Em Kiev, que se encontra em pleno período pré-eleitoral para as legislativas de 26 de outubro, alguns partidos políticos analisam a situação com pessimismo.

A ex-primeira-ministra Yulia Timochenko advertiu que o leste da Ucrânia cairá "sob o controle total do Exército russo e dos terroristas financiados, apoiados e enviados à Ucrânia por ordem de Vladimir Putin", o presidente russo.

Já Oleg Tyagnybok, líder do partido nacionalista Svoboda, classificou esta oferta de maior autonomia de "capitulação (de Kiev) na guerra russo-ucraniana".

A Rússia, acusada por Kiev e pela Rússia de fornecer armas e tropas aos separatistas do leste, não reagiu até o momento à decisão do Parlamento ucraniano.

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