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Dois ministros britânicos renunciam em protesto contra Boris Johnson

O governo de Johnson foi sacudido pelo escândalo das festas em Downing Street, realizadas apesar das restrições contra a covid durante a pandemia

Boris Johnson: o primeiro-ministro sobreviveu no mês passado a uma moção de censura apresentada por conservadores rebeldes (Molly Darlington/Reuters)

Boris Johnson: o primeiro-ministro sobreviveu no mês passado a uma moção de censura apresentada por conservadores rebeldes (Molly Darlington/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de julho de 2022 às 16h03.

Última atualização em 5 de julho de 2022 às 16h14.

Dois importantes ministros britânicos, incluindo o das Finanças, renunciaram nesta terça-feira, 5, aos seus cargos, em protesto contra o primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, abalado por uma série de escândalos.

O ministro da Saúde, Sajid Javid, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, anunciaram sua decisão com poucos minutos de diferença, dizendo que perderam a esperança de romper com uma cultura de tolerância aos escândalos que mantêm Johnson na defensiva há meses.

As desculpas apresentadas horas antes por Johnson por ter nomeado para um cargo importante um líder conservador que precisou renunciar por conduta imprópria não foram suficientes para os dois ministros demissionários.

O líder em questão, Chris Pincher, renunciou na semana passada depois de admitir ter apalpado dois homens enquanto estava embriagado, um deles um deputado.

O governo afirmou inicialmente que Johnson não estava ciente de comportamentos semelhantes de Pincher em ocasiões anteriores.

Mas esse argumento desmoronou nesta terça-feira, quando um ex-colaborador de Johnson revelou que o chefe de governo foi informado em 2019, quando era ministro das Relações Exteriores, de que Pincher já havia se envolvido em incidente do tipo.

"A população tem uma expectativa legítima de um governo devidamente conduzido, competente e sério", escreveu Sunak em sua carta de demissão.

"Admito que este pode ser o meu último cargo ministerial, mas acho que são valores pelos quais vale a pena lutar e é por isso que renuncio", acrescentou o agora ex-ministro das Finanças.

"Está claro para mim que esta situação não mudará sob sua liderança e, consequentemente, ele perdeu minha confiança", afirmou o ministro da Saúde demissionário.

A saída de Pincher, que era encarregado do tema na bancada conservadora do Parlamento, soma-se a outros casos semelhantes no Partido Conservador nos últimos meses.

Em meados de maio, um deputado suspeito de estupro foi preso e posteriormente libertado sob fiança.

Em abril, outro legislador renunciou por assistir pornografia na câmera de seu celular. E um ex-deputado foi condenado em maio a 18 meses de prisão por agredir sexualmente uma menina de 15 anos.

O governo de Johnson também foi sacudido pelo escândalo das festas em Downing Street (o "Partygate"), realizadas apesar das restrições contra a covid durante a pandemia.

Tempo fechado para Johnson

Johnson sobreviveu no mês passado a uma moção de censura apresentada por conservadores rebeldes e essa experiência deveria ter lhe dado a oportunidade de demonstrar "humildade, firmeza e de [seguir] um novo caminho", escreveu Javid.

O primeiro-ministro, de 58 anos, ainda enfrenta uma investigação parlamentar que determinará se mentiu em sua defesa sobre o Partygate.

A erosão de sua imagem resultou em derrotas dos conservadores em duas eleições parciais no fim de junho, uma delas no reduto histórico dos Tories, que foi parar nas mãos dos Trabalhistas.

Esta crise política se soma às dificuldades que o país enfrenta para se adaptar à sua saída da União Europeia (UE) em 2020, com tensões com o bloco dos 27 sobre a fronteira terrestre entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte.

 

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