O valor seria para garantir a participação dos clubes sul-americanos no torneio, na época não reconhecido pela Fifa (Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2015 às 10h48.
Ulrichen - A Justiça suíça identifica as primeiras transações suspeitas desde que iniciou um processo de investigação contra dirigentes do futebol. Dados coletados a partir de movimentações bancárias apontam que cartolas da Conmebol receberam propinas para garantir a participação de clubes sul-americanos na Copa Intercontinental, a precursora do Mundial de Clubes e que por mais de 20 anos foi organizada em dezembro no Japão.
De acordo com o jornal suíço Tages Anzeiger, os organizadores do torneio fizeram um depósito de 19 milhões de francos suíços em uma conta no banco Pictet. Mas apenas 8 milhões apareceram nas contas da Conmebol. O restante teria sido distribuído para os dirigentes, entre eles o ex-presidente da entidade, Nicolas Leoz, e seu secretario, o argentino Eduardo Deluca.
O valor seria para garantir a participação dos clubes sul-americanos no torneio, na época não reconhecido pela Fifa.
De acordo com a investigação, cerca de 5 milhões foram diretamente para o ex-dirigente paraguaio, que por 27 anos comandou o futebol sul-americano e esteve no Comitê Executivo da Fifa, inclusive como vice-presidente da entidade.
As transações foram identificadas numa das mais de 80 contas encontradas pelo Ministério Público Suíço, que, desde maio, investiga as transações financeiras dos dirigentes do futebol. Leoz já estava sendo processado nos EUA por corrupção, mas ainda aguarda sua extradição em prisão domiciliar no Paraguai.
Os pagamentos viriam da empresa japonesa Dentsu em 2004, uma das organizadoras do torneio que passou a ser considerado como uma disputa de um título mundial.
A competição foi criada como uma forma de garantir um local neutro para partidas entre europeus e sul-americanos. Flamengo, São Paulo e Grêmio estiveram entre os vencedores do torneio, que começou em 1981 e teve sua última edição em 2004.
Uma segunda conta foi encontrada no banco Credit Suisse, com depósito em nome de Deluca, também sob suspeita de estar relacionado com o mesmo torneio.