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Direitista agora é favorito a conquistar presidência da Colômbia

Duque conseguiu 39% no primeiro turno no domingo, e Gustavo Petro, ex-guerrilheiro e prefeito de Bogotá, 25%. Ambos concorrem no 2º turno

O candidato de direita à presidência da Colômbia, Iván Duque (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 28 de maio de 2018 às 18h16.

Iván Duque, um jovem advogado pró-mercado que gostaria de cancelar partes do acordo de paz com guerrilheiros marxistas, irá para o segundo turno da eleição presidencial da Colômbia no mês que vem com uma enorme vantagem em relação a um rival de esquerda, o que acalma os mercados financeiros, mas forma uma eleição polarizadora.

Duque conseguiu 39 por cento no primeiro turno no domingo, e Gustavo Petro, ex-guerrilheiro e prefeito de Bogotá, obteve 25 por cento. Isso cria alternativas marcadas para 17 de junho entre um candidato conservador aberto ao mercado e outro que defende a tributação dos ricos em favor dos pobres do país.

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Enquanto Duque, 41, assusta algumas pessoas por sua oposição ao acordo e pela estreita associação com Álvaro Uribe, visto por muitos como um ex-presidente de tendências autoritárias, Petro assusta ainda mais com seu entusiasmo pelo falecido Hugo Chávez, da Venezuela, que acabou com a independência das instituições jurídicas e da imprensa de seu país.

“Esse resultado praticamente transforma Duque em presidente”, disse Federico Gómez Lara, colunista da revista Semana, que preferia um candidato de centro, em entrevista. “Todos os partidos vão apoiá-lo e Petro terá dificuldade para lutar contra isso.”

Sequestros, bombas

Durante décadas, a violência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que transformou vastas extensões de território em zonas proibidas, serviu como um aterrorizante pano de fundo para a política colombiana, com sequestros, atentados com bombas e uma perene sensação de ameaça.

Desde o acordo de 2016 entre as FARC e o presidente Juan Manuel Santos, que ganhou o prêmio Nobel da Paz por seus esforços, a opinião pública se voltou mais ao emprego, à saúde e à corrupção, dando ao país uma sensação de normalidade. Restaurantes e cafeterias sofisticados estão repletos de clientes bem viajados conversando sobre os smartphones mais modernos.

Mas há uma segunda Colômbia, nos subúrbios urbanos e no interior, onde a infraestrutura é miseravelmente precária, os empregos são escassos e exércitos privados negociam cocaína e ouro ilegal. Essa outra população, esquecida e ressentida, prefere Petro, 58, que defende o aumento dos impostos para os ricos e mudanças na propriedade e no uso das terras.

Os mercados estão fechados nesta segunda-feira nos EUA devido ao feriado de Memorial Day, mas o peso ganhou um pouco de força nas negociações do dia seguinte à eleição. Os investidores, em geral, recebem bem a vitória de Duque, enquanto outros na Colômbia temem que ele possa frear a implementação de um acordo que considera favorável demais aos líderes guerrilheiros. Duque pode também tentar extraditar os líderes das FARC para os EUA, o que poderia fazer com que mais rebeldes desmobilizados desistissem do processo de paz e retornassem à selva. Petro apoia o acordo.

“Duque provavelmente ganhará no dia 17, o que deverá reafirmar a investidores e donos de empresas que os negócios continuam como sempre e que o modelo econômico ficará intacto”, disse Sergio Guzmán, analista da Control Risks em Bogotá. “Mas também assustará um pouco aqueles que apoiam o tratado de paz. E esta é a escolha impossível.”

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