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Direita retrai na Espanha após Núñez Feijóo perder votação para cargo de chefe de Governo

O fracasso anunciado dá início a uma contagem regressiva de dois meses para que outro candidato tente reunir apoio suficiente e assuma o poder, antes da eventual convocação de novas eleições

O líder do Partido Popular da Espanha, Alberto Núñez Feijóo (AFP/AFP)

O líder do Partido Popular da Espanha, Alberto Núñez Feijóo (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 27 de setembro de 2023 às 09h54.

O líder da direita espanhola, Alberto Núñez Feijóo, não conseguiu apoio suficiente no Parlamento e sofreu uma derrota em primeira votação nesta quarta-feira, 27, como estava previsto, em sua candidatura para assumir o cargo de chefe de Governo. 

O fracasso anunciado dá início a uma contagem regressiva de dois meses para que outro candidato tente reunir apoio suficiente e assuma o poder, antes da eventual convocação de novas eleições legislativas.

Este será o momento para o atual primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez, que nos últimos anos demonstrou uma grande capacidade de sobrevivência política, tentar conquistar a confiança do Parlamento e conseguir um novo mandato como chefe do Executivo.

Vencedor das eleições legislativas de 23 de julho, que não permitiram, no entanto, a formação de maioria absoluta, Feijóo recebeu nesta quarta-feira 178 contrários e apenas 172 favoráveis, procedentes dos deputados de sua legenda, o Partido Popular (PP), da formação de extrema-direita Vox e de dois partidos pequenos.

Para ser eleito na primeira votação, ele precisava do apoio da maioria absoluta do Congresso dos Deputados, 176 votos de 350.

Segunda votação na sexta-feira

O líder do PP, que recebeu do rei Felipe VI a missão de tentar formar o governo, passará por uma segunda votação na sexta-feira, quando a maioria simples seria suficiente. Mas é improvável que ele consiga um resultado positivo.

Consciente da derrota, Feijóo, 62 anos, passou grande parte da sessão parlamentar, iniciada na terça-feira, atacando Sánchez e os independentistas catalães, grupo do qual o socialista depende para continuar no poder.

Em um discurso no qual afirmou defender o "interesse geral" e a "igualdade" dos espanhóis, Feijóo tentou se mostrar nesta quarta-feira como a alternativa a Sánchez, que, segundo o conservador, lidera um "modelo de chantagens e concessões àqueles que não acreditam em nosso país".

"Senhor Sánchez, ser ou não presidente dependerá do que deseja ou não o senhor Puigdemont", declarou Feijóo na terça-feira ao rival socialista, que estava no Parlamento, em uma referência ao líder da tentativa separatista da Catalunha em 2017.

Negociações complexas

Com a chave da governabilidade em um Parlamento muito fragmentado, o ex-presidente regional Carles Puigdemont e os sete deputados de sua legenda (Juntos pela Catalunha) exigem, em troca de apoio, a aprovação de uma anistia para os separatistas catalães processados pela justiça espanhola.

Um deles é o próprio Puigdemont, que fugiu para a Bélgica em outubro de 2017 para evitar a justiça da Espanha.

"O que independentismo propõe (...) é um ataque direto aos valores democráticos essenciais do nosso país", denunciou Feijóo na terça-feira.

Além da oposição frontal da direita, que mobilizou dezenas de milhares de pessoas no domingo em Madri para rejeitar uma eventual anistia, a ideia provoca um crescente incômodo em parte do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que também já se mostrou contrário à medida no passado.

As negociações prometem ser complexas para Sánchez, que deve encontrar uma fórmula que atender os desejos dos separatistas sem provocar uma rebelião em seu partido.

Otimista sobre a possibilidade de permanecer à frente do governo, Sánchez, que indultou em 2021 os independentistas condenados à prisão pela tentativa frustrada de secessão em 2017, ainda não se pronunciou publicamente sobre uma possível anistia, nem esta semana no Parlamento, onde cedeu sua oportunidade de discursar a outro deputado socialista para responder a Feijóo.

Ele afirmou, no entanto, que seria "coerente com a política de normalização e estabilização da situação política na Catalunha" que adota desde que chegou ao poder em 2018.

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