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Diminui a esperança de um forte acordo climático em 2015

Preocupação com o crescimento econômico está, pelo menos em parte, ofuscando os alertas dos cientistas sobre o aumento das temperaturas e do nível dos mares


	Poluição em usina: apesar de repetidas promessas de enfrentar o problema, nações desenvolvidas estão mais preocupadas em estimular o crescimento da economia
 (Getty Images)

Poluição em usina: apesar de repetidas promessas de enfrentar o problema, nações desenvolvidas estão mais preocupadas em estimular o crescimento da economia (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2013 às 08h02.

Oslo/Londres - Os governos de vários países estão propensos a um recuo nos planos de um ambicioso acordo sobre mudanças climáticas em 2015, nas conversações da semana que vem, já que a preocupação com o crescimento econômico está, pelo menos em parte, ofuscando os alertas dos cientistas sobre o aumento das temperaturas e do nível dos mares.

"Nós estamos no olho de uma tempestade", disse o chefe da questão climática nas Nações Unidas em 2009, Yvo de Boer, ano em que uma cúpula em Copenhague terminou sem acordo. Depois do encontro da Dinamarca, as nações estabeleceram como meta a conclusão de um tratado em 2015 para entrar em vigor a partir de 2020, com o objetivo de evitar mais inundações, ondas de calor, secas e a elevação dos níveis dos mares.

O esboço de um acordo mais modesto em 2015, a ser discutido nas conversações anuais da ONU sobre clima, marcadas para Varsóvia, de 11 a 22 de novembro, é algo que não vai interromper o gradual aumento nas temperaturas, mas poderia servir de orientação para medidas mais duras em anos subsequentes.

Desde 2009 os alertas dos cientistas vêm se tornando mais estridentes, e também surgiram novos fatores, algumas vezes amortecendo sua mensagem de que a atividade humana está provocando o aquecimento.

O boom da exploração do gás de xisto nos Estados Unidos, por exemplo, ajudou no ano passado a colocar as emissões de carbono no país no seu nível mais baixo em 18 anos. Mas também fez com que a Europa tivesse acesso a carbono mais barato, para usinas de energia.


Apesar de repetidas promessas de enfrentar o problema, nações desenvolvidas estão mais preocupadas em estimular o crescimento da economia. E a própria recessão reduziu emissões de fábricas, usinas de energia e carros, um fenômeno que pode ter vida curta.

Economias emergentes, como a China e a Índia, dependem fortemente de carvão, que é barato, mas altamente poluente, para pôr fim à pobreza e, por isso, relutam em tomar a dianteira, apesar de suas crescentes emissões e poluição estarem asfixiando cidades.

"Nossa preocupação é a urgência", disse Marlene Moses, de Nauru, presidente da Aliança das Pequenas Ilhas-Estado, cujos membros temem que seus territórios sejam inundados por mares com níveis cada vez mais elevados de água. "Vagas promessas não mais serão suficientes." Ela quer ver avanços quando ministros de meio ambiente e outras autoridades de quase 200 países se reunirem em Varsóvia para discutir o acordo de 2005, bem como a ajuda climática a nações pobres e meios para compensá-las por perdas e danos decorrentes do aquecimento global.

Ainda assim, muitos governos, em especial na Europa, temem que políticas climáticas, como esquemas generosos de apoio à energia solar, elevem as contas de energia.

Alguns querem copiar o sucesso dos EUA na redução dos preços da energia por meio do gás de xisto - um combustível fóssil que pode ajudar a cortar as emissões de gases do efeito estufa se substituir o carvão, mas, ao mesmo tempo, pode desviar investimentos de energia mais limpa.

Muitos delegados em Varsóvia dizem que o acordo de 2015 parece que será um apanhado de compromissos de nações para conter emissões de gás do efeito estufa, ancoradas em leis domésticas, depois do fracasso de Copenhague em criar um tratado abrangente respaldado na lei internacional.

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