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Diáspora russa em Berlim protesta contra Putin pedindo democracia e paz

Na Alemanha, jovens emigrados para escapar da perseguição e do recrutamento atenderam ao chamado de Navalny e sua viúva, que votou na capital alemã

Diáspora russa em Berlim protesta em último dia das eleições, que reelegeram Vladimir Putin (Emanuele Cremaschi/Getty Images)

Diáspora russa em Berlim protesta em último dia das eleições, que reelegeram Vladimir Putin (Emanuele Cremaschi/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de março de 2024 às 16h28.

Em crescimento desde o início do conflito na Ucrânia, a diáspora russa se juntou ao movimento de oposição “Meio Dia sem Putin” contra o presidente Vladimir Putin no domingo, último dia das eleições presidenciais da Rússia.

Ativistas e organizações da sociedade civil russos operando no exterior convocaram eleitores a levantarem as bandeiras pró-democracia e antiguerra em várias cidades do mundo, sempre na frente dos postos onde poderiam votar no pleito deste fim de semana, amplamente considerado como fraude por opositores do Kremlin. Segundo dados preliminares, Putin foi reeleito com 87,97% dos votos.

Na Alemanha, que reúne uma das maiores comunidades de emigrados russos na Europa e no mundo, os eleitores compareceram em massa para votar neste domingo. A fila que levava à embaixada russa em Berlim, um dentre dois locais de votação no país, chegava a durar cinco horas. Pontos de votação também tinham centenas de eleitores na fila em vários países, incluindo Austrália, Japão, Armênia, Casaquistão e Reino Unido, reportou a agência Reuters.

Predominava o clima anti-Putin, e um protesto organizado por uma coalizão de ativistas russos - em alinhamento com pares de várias cidades dentro e fora da Rússia - reuniu uma pequena multidão primeiro em frente a um palco e, depois, para uma marcha. Segundo organizadores e manifestantes, o objetivo era criar um espaço de resistência e solidariedade dentro de uma comunidade silenciada dentro da Rússia e, depois, atomizada pelo autoritarismo do governo Putin.

— Quisemos dar às pessoas a oportunidade de ver umas as outras. É muito importante que as pessoas vejam que não estão sozinhas — disse Yulia Abdullaeva, uma das organizadoras do protesto em Berlim. — Muitos de nós não reconhecemos Putin como presidente e não o queremos pelos próximos seis ou 12 anos.

Em sua maioria jovens, os russos presentes seguravam slogans contra Putin e bandeiras com faixas em azul e branco - uma adaptação da bandeira russa, que leva também o vermelho, associado pelos manifestantes ao sangue e, por isso, retirado do protesto por uma Rússia pacífica. Repetidamente entoaram, em russo e alemão, slogans como “Não à guerra” e “Essas não são eleições”.

Viúva de Navalny é aplaudida

Uma instalação foi montada para que os transeuntes, russos ou não, tivessem a oportunidade de triturar cédulas falsas e “sentir o gosto da ‘democracia’ russa”. Nos papeis, estavam os nomes de todos os candidatos concorrendo nas eleições deste ano e, também, o de Alexei Navalny, opositor russo morto em fevereiro em uma prisão do Ártico. Putin, ali, era descrito como “corrupto, ditador e criminoso de guerra”. Por volta das 13 horas, as 1.500 cópias das cédulas falsas inicialmente impressas pelos organizadores já se provavam insuficientes.

Voluntária no protesto junto ao movimento Free Navalny (Navalny Livro, na tradução do inglês), Anna Gorbunova, de 30 anos, fugiu da Rússia em 2022 após ter sido detida por participar de um protesto de oposição. Ela, que não exercia nenhuma atividade política, foi condenada a pagar uma multa e, depois, continuou a ser perseguida pela polícia. Perguntada por que decidiu participar do protesto, ela deu uma resposta semelhante à de outros russos ouvidos pelo GLOBO: “Por que eu posso”.

— Meus amigos na Rússia não podem fazer o mesmo. Eu sofri perseguição política, e minha família ainda não acredita que isso possa ter acontecido comigo. Eu não sabia o que esperar, então eu fui embora enquanto ainda era tempo. Permanecer lá e calada não era uma opção para mim.

Antes da votação, eleitores de oposição na Alemanha se dividiam entre votar em qualquer adversário de Putin — a escolha mais popular parecia ser Vladislav Davankov, do Novo Povo, que sugeriu ser favorável a negociações de paz, ao fim da censura e ao retorno de dissidentes no exterior - ou não votar em nenhum candidato, sem aderir às eleições consideradas fraudadas. Vários eleitores disseram ter feito um voto de protesto, que poderia incluir marcar os nomes de dois ou mais candidatos cujos nomes aparecessem na cédula, escrever palavras anti-Putin ou o nome de Navalny.

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