Mundo

Detidos por tentativa de golpe vivem inferno na Turquia

Espancamento, prisões arbitrárias e até estupro são alguns dos abusos identificados pela Anistia Internacional nos centros de detenção espalhados pela Turquia

Soldados turcos são presos após tentativa de golpe: investigação da Anistia Internacional revelou maus tratos em prisões do país (Getty Images / Stringer)

Soldados turcos são presos após tentativa de golpe: investigação da Anistia Internacional revelou maus tratos em prisões do país (Getty Images / Stringer)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 25 de julho de 2016 às 17h45.

São Paulo – As pessoas detidas acusadas pelo envolvimento na tentativa de golpe na Turquia observada no último dia 15 de julho estão sendo espancadas, torturadas e até estupradas nos centros de detenção. A constatação foi divulgada nesta semana pela Anistia Internacional, organização não governamental que monitora a situação dos direitos humanos no mundo.

A investigação da entidade revelou que em alguns dos locais, os presos são mantidos em posições de estresse por mais de 48 horas, sem acesso à água, comida e tratamento médico. De acordo com a AI, os relatos documentados até o momento são alarmantes, mas representam apenas uma parcela do que pode estar acontecendo nas prisões turcas.

A entidade encontrou ainda casos de pessoas arbitrariamente detidas sem que tivessem contato com advogados e familiares e mostrou ainda preocupação com a declaração de estado de emergência feita na semana passada e que amplia de 4 para 30 dias o prazo que uma pessoa pode ficar presa sem acusação formal.

De acordo com a organização, as fontes relataram ter visto um grupo de entre 650 e 800 soldados detidos em um centro esportivo. Destes, ao menos 300 estavam severamente feridos. Uma dessas fontes disse ter testemunhado o estupro de dois oficiais do alto escalão das Forças Armadas por policiais.

“Prender pessoas em conexão com uma queixa criminal sem demonstrar as evidências de que um crime foi cometido é arbitrário e ilegal”, disse John Dalhuisen, diretor da entidade. “Essas práticas irregulares e sistemáticas devem ser investigadas”, continuou. A entidade pede que autoridades turcas deixem que observadores internacionais visitem esses presos e os centros onde estão detidos.

Tentativa de golpe

A última tentativa de golpe na Turquia aconteceu na noite do dia 15 de julho, quando militares tomaram as ruas da capital Ancara e Istambul com tanques, fecharam pontes e emitiram um comunicado alegando estar em controle do país.

A reação do presidente foi ágil e esmagadora. Poucas horas depois, o presidente Recep Tayyip Erdogan convocou o restante das Forças Armadas para prender os envolvidos nesse incidente e pediu que a população fosse às ruas protestar contra essa tentativa de golpe. Para cercar seus opositores, Erdogan deu início a um expurgo de dimensões assustadoras. Veja abaixo:

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaDemocraciaDireitos HumanosEuropaPrisõesTurquia

Mais de Mundo

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação

Novas regras da China facilitam exportações no comércio eletrônico

Magnata vietnamita terá que pagar US$ 11 bi se quiser fugir de pena de morte

França afirma que respeitará imunidade de Netanyahu se Corte de Haia exigir prisão