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Destruição de mesquita pelo EI é admissão de derrota, diz Iraque

Construída em 1172, a mesquita Al Nuri era um local sagrado para os muçulmanos e simbólico para os militantes do Estado Islâmico

Abu Bakr al-Baghdadi, em 2014: no púlpito da mesquita Al Nuri, líder do EI declara califado (Reuters/Reuters)

Abu Bakr al-Baghdadi, em 2014: no púlpito da mesquita Al Nuri, líder do EI declara califado (Reuters/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 22 de junho de 2017 às 12h55.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 12h59.

São Paulo – Uma das maiores e mais antigas cidades do Iraque, Mosul viveu um novo capítulo nesta semana depois da explosão de sua histórica mesquita Al Nuri em pleno ramadã, período sagrado para o mundo muçulmano, por ação dos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Localizada na região norte do Iraque, Mosul é, há meses, palco de intensos confrontos entre o exército iraquiano, que atua auxiliado por aliados como a coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, além de combatentes curdos e milícias, e o EI, que vem se enfraquecendo e perdendo território.

“O EI cometeu outro crime histórico ao explodir a mesquita Al Nuri e seu minarete”, disseram militares envolvidos nas operações em Mosul. De acordo com eles, a explosão aconteceu em um momento em que o grupo estava prestes a ser encurralado pelas forças iraquianas nas proximidades do templo.

Os extremistas, no entanto, negaram ter destruído esse templo sagrado e acusaram a coalizão internacional de tê-lo feito, que também nega o ato.

Abaixo, veja imagens da mesquita depois da explosão e do minarete, que na imagem é visto com uma bandeira do EI cravada no topo.

Mesquita Al Nuri destruída

 

Mesquita Al Nuri destruída

 

Minarete Al Hadba com bandeira do Estado Islâmico

Minarete Al Hadba com bandeira do Estado Islâmico (Iraqi Military/Reuters)

Peso simbólico

“A explosão da mesquita Al Nuri e o minarete Al Hadba é uma declaração formal de derrota do grupo”, disse o primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abad, sobre a destruição desse local que, além de sagrado para os muçulmanos em geral, tem um peso simbólico para o EI.

Foi no púlpito desse templo que Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo, proclamou o califado islâmico na Síria e no Iraque. O anúncio foi feito em 2014, dias depois de os extremistas terem assumido o controle de Mosul e período em que fortaleceram suas atividades na região. Foi, ainda, a última vez que al-Baghdadi foi visto em público.

Al Nuri

Construídos em 1172 na região oeste de Mosul, a mesquita e seu minarete inclinado eram símbolos de Mosul. De acordo com a agência EFE, havia uma preocupação entre historiadores e a população local quanto à integridade e conservação dos monumentos históricos desde que o EI tomou o controle da cidade.

“Ela está nas notas de dinheiro, nos livros”, disse Rasha Al Aqeedi, pesquisador iraquiano ouvido pelo The New York Times  sobre a mesquita, “não consigo descrever. É algo que as pessoas sempre se identificaram”, lamentou. “Imagine a bandeira iraquiana na mesquita? ”, continuou ele imaginando a celebração local após a derrota do EI, que mantinha uma bandeira no templo.

“O minarete e a mesquita eram os locais mais icônicos da cidade e símbolos de identidade, resiliência e pertencimento”, disse Irina Bokova, diretora-geral da Unesco, braço da ONU que promove a preservação dos patrimônios históricos e naturais da humanidade. “Essa destruição aprofunda a crise humanitária sem precedentes que a população enfrenta”, continuou em nota oficial de solidariedade.

Antes da chegada dos extremistas, Mosul chegou a abrigar uma população de 2 milhões de pessoas. Hoje, seus residentes vivem sem acesso a itens essenciais, como água potável e comida.

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