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Desnutrição afeta 2 bilhões de pessoas no mundo

Cerca de 805 milhões de pessoas passam fome no mundo, e mais do dobro, até 2 bilhões de pessoas, sofrem de desnutrição, segundo organização

Crianças se alimentam em um centro de distribuição de alimentos no Sudão (Albert Gonzalez Farran/AFP)

Crianças se alimentam em um centro de distribuição de alimentos no Sudão (Albert Gonzalez Farran/AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2014 às 13h21.

Berlim - Cerca de 805 milhões de pessoas passam fome no mundo, mas mais do dobro, até 2 bilhões de pessoas, sofrem de desnutrição ou "fome oculta", de acordo com o Índice Global da Fome (GHI) de 2014, apresentado nesta segunda-feira em Berlim.

A principal causa da desnutrição, caracterizada pela ingestão insuficiente de vitaminas, minerais e nutrientes, que debilita o sistema imunológico e eleva a mortalidade infantil, é principalmente, a pobreza.

Em 16 países, entre eles Iraque, Suazilândia, Comores e Burundi, a situação de crise de fome é "muito grave" ou "alarmante", indica o relatório.

"Conflitos como os da Síria, Iraque e Sudão do Sul põem em perigo a situação alimentar nestes países. Os refugiados estão expostos a uma maior ameaça de insegurança alimentar, desnutrição e doenças", informou Barbel Dieckmann, presidente da ONG alemã Welthungerhilfe (Ajuda Mundial contra a Fome).

O Iraque, onde a porcentagem da população com desnutrição é mais do que o dobro do que em 1990, ocupa o penúltimo lugar entre todos os países no índice deste ano.

A violência constante, o grande número de deslocados no país e a afluência de refugiados procedentes da Síria, assim como a qualidade das necessidades básicas, que piora ano após ano, aguçam esta situação, detalha o relatório.

A difícil situação na Suazilândia tem explicação na propagação extrema do vírus do HIV, que afeta 26,5% da população adulta, assinalam os especialistas.

Já Burundi está ainda no lento processo de recuperar a estabilidade política e a paz, após décadas de guerra civil.

De acordo com Dieckmann, tudo isso "se soma a epidemia de ebola na África Ocidental, que influirá de forma considerável nos próximos meses na situação alimentar dos países afetados".

"O mundo deve estar agora mais unido para enfrentar este desafio. Necessitamos de coragem para uma solidariedade incondicional", advertiu.

No entanto, o relatório mostra também que o Índice Global da Fome retrocedeu 39% desde 1990 nos países em vias de desenvolvimento. Assim, um total de 26 países, entre eles Brasil, Peru, Angola, Benin, Gana, Camboja, Mali, Tailândia e Vietnã, viram reduzidas suas pontuações do GHI à metade ou mais.

"A luta contra a fome e a desnutrição deve avançar consequentemente no século XXI. O fim de semelhante dimensão de sofrimento humano cria a oportunidade para milhões de pessoas de levar uma vida saudável e plena", ressaltou Klaus von Grebmer, do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI, sigla em inglês).

O Índice Global da Fome, que é atualizado anualmente, é uma ferramenta desenvolvida para medir e acompanhar de maneira compreensiva à fome em nível mundial e também por países e regiões.

O GHI é publicado de forma conjunta pelo IFPRI e as ONG Concern Worldwide, da Irlanda, e a Welthungerhilfe, da Alemanha.

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