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Desconfiança aumenta e economia da Zona Euro estanca

Taxas de risco europeias - que medem a confiança dos investidores - voltaram a disparar

Desconfiança dos mercados ampliou-se para Espanha, França e Bélgica, em uma Zona Euro com crescimento quase nulo (Pedro Armestre/AFP)

Desconfiança dos mercados ampliou-se para Espanha, França e Bélgica, em uma Zona Euro com crescimento quase nulo (Pedro Armestre/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de novembro de 2011 às 16h46.

A desconfiança dos mercados ampliou-se para Espanha, França e Bélgica, em uma Zona Euro com crescimento quase nulo, enquanto o pessimismo foi retomado sobre o futuro da União Europeia e com os temores de uma recessão mundial.

As taxas de risco europeias - que medem a confiança dos investidores - voltaram a disparar em uma espiral que não parece interromper-se apesar da chegada de tecnocratas aos governos de Itália e Grécia.

O ex-comissário europeu Mario Monti aceitará oficialmente o cargo de presidente do Conselho de Ministros na quarta-feira, segundo fontes presidenciais citadas pela imprensa, antes de se submeter ao voto de confiança do Parlamento nos próximos dez dias, esperando colocar fim à era de Silvio Berlusconi.

No entanto, não parece ter surtido efeito a promessa do novo primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, de que cumprirá todas as exigências de Bruxelas.

O governo de transição grego, formado por socialistas, conservadores e extrema direita, se submeterá a um voto de confiança no Parlamento nesta quarta-feira, e deve convocar eleições em alguns meses.

A Europa vive "uma de suas horas mais difíceis desde a Segunda Guerra Mundial e pode ser a mais difícil", advertiu a chanceler alemã, Angela Merkel.

A taxa de risco ou "spread" - o diferencial pago pelos títulos de dez anos em relação aos papéis alemães - disparou em vários países da Zona Euro, agitando o mercado da dívida.

A taxa da Itália chegou aos 527,8 pontos básicos, abaixo do recorde da semana passada, mas acima de qualquer limite desejável, disparando as taxas dos títulos italianos de 10 anos para 7,039% contra 6,701% no fechamento de segunda-feira.

Vítima de um efeito de contágio de Grécia e Itália, a taxa de risco na Espanha alcançou um novo recorde histórico desde a criação da Zona Euro, a 456,2 pontos.


Esse encarecimento da dívida espanhola ocorre poucos dias antes das eleições legislativas de 20 de novembro, nas quais o líder do Partido Popular (PP, direita), Mariano Rajoy, aparece como favorito.

A taxa de risco da França chegou a superar os 190 pontos e a da Bélgica, 311 pontos.

Essa situação ocorre em meio ao estancamento da economia da Zona Euro no terceiro trimestre, com um crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB), assim como no trimestre anterior, segundo o escritório de estatísticas europeia Eurostat.

Isso graças aos resultados das duas principais economias da Zona Euro, Alemanha (com +0,5%) e França (+0,4) e Áustria (+0,3%).

O PIB de Espanha e Bélgica teve, no entanto, um crescimento nulo.

Muitos analistas prevêem que no quarto trimestre a Zona Euro (formada por 17 países) sofrerá uma contração geral da atividade devido à crise da dívida que ninguém até agora conseguiu controlar.

Na Grécia, a economia grega se contraiu 5,2% no terceiro trimestre, o que demonstra a profundidade da crise que deve ser superada pelo novo governo, que aguarda o voto de confiança do Parlamento na quarta-feira.

As projeções são igualmente pessismistas para 2012, em meio a severos planos de ajuste adotados como resposta à crise da dívida.

Isso significaria a recessão (definida por dois trimestres consecutivos de contração do PIB em relação ao período anterior), três anos depois da provocada pela crise financeira de 2008.

As principais bolsas europeias fecharam no vermelho. Londres perdeu 0,03%, Paris 1,92%, Frankfurt 0,97%, Madri 1,61%, Milão 1,08% e Atenas 3,56%. O euro, por sua vez, estava cotado a 1,3506 dólar contra 1,3629 na segunda-feira.

Os especialistas multiplicam as críticas pelo atraso dos europeus em colocar em andamento medidas para enfrentar a crise.

Um governo ineficaz e a lentidão dos europeus em reagir, foram as principais críticas de Jean Pisani-Ferry, diretor da Bruegel.

O resultado: "transformamos uma crise periférica em uma crise existencial", afirmou o analista durante debate em Bruxelas.

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