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Debate marca fim da campanha do referendo no Reino Unido

"Pensem nas esperanças e sonhos de seus filhos e seus netos. Suas possibilidades de trabalhar, de viajar depende do resultado do referendo", afirma Cameron

David Cameron: "pensem nas esperanças e sonhos de seus filhos e seus netos. Suas possibilidades de trabalhar, de viajar depende do resultado do referendo" (Kirsty Wigglesworth / Reuters)
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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2016 às 20h32.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron , se dirigiu solenemente nesta terça-feira ao país e pediu às gerações mais velhas que votem a favor da União Europeia (UE) pensando nas "esperanças e sonhos" dos jovens, em um dia marcado por um acalorado debate celebrado em Londres ante seis mil pessoas.

"Pensem nas esperanças e sonhos de seus filhos e seus netos. Sabem de suas possibilidades de trabalhar, de viajar, de construir o tipo de sociedade aberta e próspera que desejam, depende do resultado do referendo", afirmou Cameron em um discurso à nação diante da residência oficial de Downing Street, a dois dias do referendo sobre a UE e horas antes do grande debate da campanha.

Os jovens "não poderão reverter a decisão que vocês tomarem", completou.

Umas seis mil pessoas assistiram nesta terça-feira, no pavilhão Wembley Arena de Londres, ao grande enfrentamento dialético da campanha, organizado e transmitido pela BBC .

O ex-prefeito de Londres Boris Johnson e seu sucessor no cargo, o trabalhista Sadiq Khan, lideraram duas equipes que defenderam, respectivamente, a saída e a permanência do Reino Unido na UE.

Johnson descartou que Bruxelas vá punir Londres com tarifas alfandegárias se sair da UE. Estariam "loucos", assegurou, não podem arriscar. "Todo mundo sabe que este país recebe a quinta parte da produção de carros alemã, uns 820 mil veículos por ano", afirmou.

"Não são mais que mentiras e mais mentiras", retrucou Khan. "Boris, você deveria saber: cerca de meio milhão de empregos em Londres dependem diretamente da UE", destacou.

O debate transcorreu em um tom agressivo, que chegou ao ápice quando Khan lançou diante de seu antecessor alguns folhetos da campanha favorável à saída do bloco com advertências de que a Turquia, um país de maioria muçulmana, poderia entrar na UE.

"Você está dizendo mentiras e assustando as pessoas", condenou. "Isso é alarmismo (...) Está usando um artifício sobre a Turquia para assustar para que as pessoas votem para sair", disse o prefeito, aclamado pelos presentes.

A dois dias do referendo, a média das pesquisas elaborada pela revista The Economist mostra que as pessoas mais velhas desejam a saída, 57% a 36%, em uma proporção muito maior que a população em geral (44% partidários da permanência, 43% da saída).

Também de acordo com a revista, 60% dos jovens desejam a permanência na UE e apenas 20% apoiam que se deixe o bloco.

Enquanto isso, em mensagem exibida pela TV de Gibraltar, Cameron lembrou aos britânicos que têm uma "responsabilidade mais ampla" quando votarem, em alusão ao estreito.

'Sexta-feira negra'

O magnata George Soros, que fez fortuna ao apostar contra a libra em 1992, previu uma "sexta-feira negra" nos mercados mundiais se o Brexit triunfar, bem como o empobrecimento dos britânicos.

"O valor da libra cairá de forma vertiginosa, pelo menos 15%", afirmou o magnata americano em um artigo publicado no jornal The Guardian.

"A ironia, neste caso, é que uma libra valeria aproximadamente um euro, uma forma de 'unir-se ao euro' que ninguém desejaria no Reino Unido", completou Soros.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi mais contundente ao afirmar que os britânicos se infligiriam uma "automutilação" se na quinta-feira votassem a favor da saída da UE.

Na segunda-feira, uma pesquisa publicada pelo jornal Daily Telegraph mostrou 49% das intenções de voto para a permanência e 47% para a saída da UE. Uma sondagem do instituto YouGov para o Times mostra apoio de 44% ao Brexit e 42% para os partidários da continuidade.

Nas casas de apostas, no entanto, a permanência na UE vence de goleada, 78% a 22%.

Beckham a favor da UE

A UE recebeu o apoio do ex-jogador de futebol David Beckham, que foi capitão da seleção inglesa, e que defendeu a permanência ao recordar sua passagem por Real Madrid, Milan e Paris Saint-Germain, assim como os colegas europeus de seu período no Manchester United.

O Manchester United teve "mais êxito graças a um goleiro dinamarquês, Peter Schmeichel, a liderança de um irlandês, Roy Keane, e a habilidade do francês Eric Cantona", escreveu em uma mensagem divulgada em sua página no Facebook.

"Vivemos em um mundo vibrante e conectado, no qual unidos somos mais fortes. Por nossos filhos e os filhos de nossos filhos, deveríamos enfrentar os problemas do mundo juntos, e não sozinhos. Por estas razões, votarei a favor da permanência na UE", concluiu.

Beckham se uniu, assim, à escritora J.K.Rowling, ao empresário Richard Branson e aos atores Ian McKellen e Idris Elba na lista de personalidades a pedir voto a favor da UE. Do outro lado, os atores Michael Caine, John Cleese e o cantor Roger Daltrey pedem voto pela saída do bloco europeu.

Além disso, 96 reitores de universidades britânicas defenderam a permanência na UE.

"O isolamento do maior bloco econômico do mundo afetaria nossa posição como líder mundial em ciência e educação", alertaram em uma carta publicada pelo jornal The Independent.

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O primeiro-ministro britânico, David Cameron , se dirigiu solenemente nesta terça-feira ao país e pediu às gerações mais velhas que votem a favor da União Europeia (UE) pensando nas "esperanças e sonhos" dos jovens, em um dia marcado por um acalorado debate celebrado em Londres ante seis mil pessoas.

"Pensem nas esperanças e sonhos de seus filhos e seus netos. Sabem de suas possibilidades de trabalhar, de viajar, de construir o tipo de sociedade aberta e próspera que desejam, depende do resultado do referendo", afirmou Cameron em um discurso à nação diante da residência oficial de Downing Street, a dois dias do referendo sobre a UE e horas antes do grande debate da campanha.

Os jovens "não poderão reverter a decisão que vocês tomarem", completou.

Umas seis mil pessoas assistiram nesta terça-feira, no pavilhão Wembley Arena de Londres, ao grande enfrentamento dialético da campanha, organizado e transmitido pela BBC .

O ex-prefeito de Londres Boris Johnson e seu sucessor no cargo, o trabalhista Sadiq Khan, lideraram duas equipes que defenderam, respectivamente, a saída e a permanência do Reino Unido na UE.

Johnson descartou que Bruxelas vá punir Londres com tarifas alfandegárias se sair da UE. Estariam "loucos", assegurou, não podem arriscar. "Todo mundo sabe que este país recebe a quinta parte da produção de carros alemã, uns 820 mil veículos por ano", afirmou.

"Não são mais que mentiras e mais mentiras", retrucou Khan. "Boris, você deveria saber: cerca de meio milhão de empregos em Londres dependem diretamente da UE", destacou.

O debate transcorreu em um tom agressivo, que chegou ao ápice quando Khan lançou diante de seu antecessor alguns folhetos da campanha favorável à saída do bloco com advertências de que a Turquia, um país de maioria muçulmana, poderia entrar na UE.

"Você está dizendo mentiras e assustando as pessoas", condenou. "Isso é alarmismo (...) Está usando um artifício sobre a Turquia para assustar para que as pessoas votem para sair", disse o prefeito, aclamado pelos presentes.

A dois dias do referendo, a média das pesquisas elaborada pela revista The Economist mostra que as pessoas mais velhas desejam a saída, 57% a 36%, em uma proporção muito maior que a população em geral (44% partidários da permanência, 43% da saída).

Também de acordo com a revista, 60% dos jovens desejam a permanência na UE e apenas 20% apoiam que se deixe o bloco.

Enquanto isso, em mensagem exibida pela TV de Gibraltar, Cameron lembrou aos britânicos que têm uma "responsabilidade mais ampla" quando votarem, em alusão ao estreito.

'Sexta-feira negra'

O magnata George Soros, que fez fortuna ao apostar contra a libra em 1992, previu uma "sexta-feira negra" nos mercados mundiais se o Brexit triunfar, bem como o empobrecimento dos britânicos.

"O valor da libra cairá de forma vertiginosa, pelo menos 15%", afirmou o magnata americano em um artigo publicado no jornal The Guardian.

"A ironia, neste caso, é que uma libra valeria aproximadamente um euro, uma forma de 'unir-se ao euro' que ninguém desejaria no Reino Unido", completou Soros.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foi mais contundente ao afirmar que os britânicos se infligiriam uma "automutilação" se na quinta-feira votassem a favor da saída da UE.

Na segunda-feira, uma pesquisa publicada pelo jornal Daily Telegraph mostrou 49% das intenções de voto para a permanência e 47% para a saída da UE. Uma sondagem do instituto YouGov para o Times mostra apoio de 44% ao Brexit e 42% para os partidários da continuidade.

Nas casas de apostas, no entanto, a permanência na UE vence de goleada, 78% a 22%.

Beckham a favor da UE

A UE recebeu o apoio do ex-jogador de futebol David Beckham, que foi capitão da seleção inglesa, e que defendeu a permanência ao recordar sua passagem por Real Madrid, Milan e Paris Saint-Germain, assim como os colegas europeus de seu período no Manchester United.

O Manchester United teve "mais êxito graças a um goleiro dinamarquês, Peter Schmeichel, a liderança de um irlandês, Roy Keane, e a habilidade do francês Eric Cantona", escreveu em uma mensagem divulgada em sua página no Facebook.

"Vivemos em um mundo vibrante e conectado, no qual unidos somos mais fortes. Por nossos filhos e os filhos de nossos filhos, deveríamos enfrentar os problemas do mundo juntos, e não sozinhos. Por estas razões, votarei a favor da permanência na UE", concluiu.

Beckham se uniu, assim, à escritora J.K.Rowling, ao empresário Richard Branson e aos atores Ian McKellen e Idris Elba na lista de personalidades a pedir voto a favor da UE. Do outro lado, os atores Michael Caine, John Cleese e o cantor Roger Daltrey pedem voto pela saída do bloco europeu.

Além disso, 96 reitores de universidades britânicas defenderam a permanência na UE.

"O isolamento do maior bloco econômico do mundo afetaria nossa posição como líder mundial em ciência e educação", alertaram em uma carta publicada pelo jornal The Independent.

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