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Curandeiro trata medo dos latinos por possível vitória de Trump

Trump ameaçou deportar 11 milhões de imigrantes ilegais e construir um muro na fronteira sul, afirmando que os mexicanos são criminosos e estupradores

Donald Trump: ameaça aos latinos (L.E. Baskow/Las Vegas Sun/Reuters)

Donald Trump: ameaça aos latinos (L.E. Baskow/Las Vegas Sun/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de novembro de 2016 às 14h22.

Última atualização em 5 de novembro de 2016 às 16h44.

Lázaro Paz tem estado ocupado nos últimos dias. É curandeiro e em sua pequena loja de Los Angeles chegam pessoas com um pedido incomum: acalmar o pânico gerado por Donald Trump.

A apenas três dias da eleição presidencial nos Estados Unidos, as pesquisas preveem que a disputa será muito acirrada. Uma vitória do magnata republicano é, de fato, possível.

Isso tem aterrorizado muitos hispânicos, incluindo Guadalupe López, de 32 anos e desde 2007 nos Estados Unidos, onde entrou ilegalmente.

"Casei-me e estou em trâmites para conseguir meus documentos. Se Trump entrar tudo irá abaixo. Este homem não quer os latinos, na verdade não quer ninguém. Ele vai começar a deportar todos nós", afirma este mexicano que atualmente trabalha em uma fábrica de reciclagem.

Trump ameaçou deportar 11 milhões de imigrantes ilegais e construir um muro na fronteira sul, afirmando que os mexicanos são criminosos e estupradores.

"Este senhor não vai vencer", afirma Lázaro, de 34 anos, que, para acalmar a angústia de seus clientes, como Guadalupe, faz um "descarrego através de orações".

"Rezamos para as pessoas para que recuperem sua 'vontade' (estado de ânimo)", explica à AFP na pequena sala localizada na parte de trás de sua loja, cheia de velas e imagens da Santa Muerte, uma delas em tamanho grande: o esqueleto e a adaga pretos, o vestido dourado e, ao redor, uma vela e uma garrafa de cerveja "que ela gosta".

Também receita um chá "composto por três ervas com o qual as pessoas dormem a noite toda e no dia seguinte se levantam bem".

Vela "reversível"

Há 27,3 milhões de latinos registrados para votar nos Estados Unidos (12% do eleitorado), mas apenas 13 milhões devem ir às urnas. Se superarem os 15 milhões, seu voto poderia ser determinante.

A loja de Lázaro está repleta de imagens de santos e velas de todos os tipos. Por exemplo, o curandeiro, que aprendeu os ritos de cura com sua mãe, colocou uma vela preta e outra vermelha dentro de um frasco de vidro com a palavra "reversível" escrita em letras brancas - "para que todo o mal que diz volte contra ele" - e para Hillary uma que faça com que "seu caminho (ao poder) seja destrancado".

"Fizeram bruxaria com a senhora, esta tosse que ela teve, a atacaram, queriam parar seu coração. Eu fiz uma oração para ela", afirma em relação à pneumonia que a candidata sofreu em setembro.

Normalmente, as pessoas procuram os curandeiros por temas de prosperidade, amor, consolo... A política não é algo comum. Mas, nas últimas semanas, entre 20 e 30 pessoas procuraram Lázaro e muitos outros em Los Angeles devido à ansiedade que esta disputa eleitoral provoca.

Não é para menos, já que apenas na Califórnia há dois dos 11 milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, em sua maioria mexicanos.

Lázaro chegou de Puebla e Guadalupe de Guanajuato. Ambos cruzaram a pé a fronteira - o primeiro pela Califórnia, o outro pelo Arizona - caminhando durante dias no brutal deserto.

A vantagem de Hillary sobre Trump diminuiu 3 pontos, o equivalente à margem de erro, segundo uma pesquisa do jornal The New York Times e da rede CBS publicada na quinta-feira.

Guadalupe diz estar mais tranquilo - o chá fez efeito -, mas a angústia está intacta ao menos até o esperado 8 de novembro eleitoral.

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