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Crise venezuelana entra em nova fase de tensão

Governo de Nicolás Maduro decretou estado de exceção na Venezuela, justificado por um suposto complô dos Estados Unidos para intervir no país

Crise na Venezuela: além da inflação, escassez de alimentos e corte de água e luz, o presidente Nicolás Maduro agora decretou estado de exceção no país. (Marco Bello / Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2016 às 06h37.

A crise venezuelana entrou nesta semana em uma nova etapa de tensões, com um país sob estado de exceção e os opositores decididos a seguir pressionando nas ruas por um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro .

Em meio ao descontentamento popular pela escassez crescente de alimentos básicos e remédios, além dos cortes diários de luz e água , e a maior inflação do mundo, Maduro deu mostras de radicalismo nos últimos dias.

Na sexta-feira, o presidente prorrogou um decreto de emergência econômica em vigor desde janeiro, mas de forma surpreendente acrescentou a ele um estado de exceção por dois meses.

Segundo nota oficial, o estado de exceção autoriza o Executivo a adotar decisões para garantir à população o "desfrute pleno de seus direitos, preservar a ordem interna" e reduzir os efeitos de fenômenos climáticos que afetam a geração elétrica e o acesso aos alimentos.

Entre as justificativas para o estado de exceção, o decreto destaca que a oposição pretende o "desconhecimento de todos os poderes públicos" e promove a "interrupção do período" de Maduro, em referência ao referendo para revogar seu mandato.

O decreto ordena à Força Armada Bolivariana e aos demais órgãos de segurança que "garantam a correta distribuição e comercialização de alimentos e produtos de primeira necessidade".

A medida se associa aos recém-criados Comitês Locais de Abastecimento e Distribuição (CLAP), grupos de cidadãos encarregados da entrega direta de alimentos subsidiados para evitar que terminem nas mãos de contrabandistas.

Maduro atribuiu ainda aos CLAPs "funções de vigilância e de organização", conjuntamente com a Força Armada e a Polícia, "para manter a ordem pública e garantir a segurança e a soberania do país".

O presidente já havia ordenado a tomada das indústrias paradas, colocando na mira quatro fábricas da cervejeira Polar - principal produtora de alimentos e bebidas do país - fechadas por falta de divisas para comprar insumos no âmbito do ferrenho controle cambial.

O governo justifica o estado de exceção por um suposto complô dos Estados Unidos e de líderes opositores para intervir no país com as maiores reservas de petróleo do planeta, sob o pretexto de uma crise humanitária.

Diante desta "ameaça externa", Maduro ordenou a realização no próximo sábado de exercícios militares.

Nesta segunda-feira, os Estados Unidos expressaram sua preocupação com as "terríveis" condições de vida dos venezuelanos, e pediram a Maduro que escute os críticos para não aprofundar a crise.

"As condições da população venezuelana são terríveis", disse o porta-voz da presidência Josh Earnest.

Maduro também fundamenta o estado de exceção na necessidade de tomar medidas drásticas contra a "guerra econômica" que, segundo ele, a oposição e a direita executam para levar à escassez e lançar o povo contra ele.

Neste contexto, admite flexibilizar o controle de preços em troca de que algumas indústrias elevem a produção.

Estado de exceção à prova

Mas os sinais de radicalização vão além do presidente socialista, cuja gestão é reprovada por 68% dos venezuelanos, segundo a empresa Venebarómetro.

O vice-presidente, Aristóbulo Istúriz, rejeitou no domingo a possibilidade de que o herdeiro político do falecido Hugo Chávez (1999-2013) deixe o poder mediante um referendo.

"Aqui Maduro não vai sair por referendo porque primeiro aqui não vai haver referendo. (...) Eles sabem que não vai haver referendo porque primeiro o fizeram tarde, segundo o fizeram mal e em terceiro cometeram fraude", disse Istúriz, referindo-se às assinaturas entregues pela oposição para que o processo seja ativado.

Guanipa considerou que esta advertência é uma "piada" que não diminuirá a pressão pela consulta.

"Terão que matar a todos nós antes de dar um golpe parlamentar", advertiu em referência ao fato de a oposição controlar amplamente o Legislativo desde janeiro.

O estado de exceção será colocado à prova na próxima quarta-feira, quando a oposição planeja marchar em direção às sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em todo o país pedindo o cumprimento dos prazos para que o referendo revocatório seja realizado neste ano.

"A oposição sabe que o protesto é o único mecanismo para escalar a pressão, e o governo precisa deter esta tendência", disse à AFP o analista Benigno Alarcón.

Mobilizações similares foram bloqueadas na última quarta-feira por policiais e militares, desencadeando confrontos.

O líder opositor Henrique Capriles, atingido por gás lacrimogêneo na ocasião, advertiu no sábado sobre o risco de que o governo e o CNE - acusado por ele de servir a Maduro - "tranquem" a consulta.

"A Venezuela é uma bomba que a qualquer momento pode explodir. E, portanto, convocamos todo o povo a se mobilizar para o revocatório", disse, ressaltando que esta é a saída pacífica à crise.

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A crise venezuelana entrou nesta semana em uma nova etapa de tensões, com um país sob estado de exceção e os opositores decididos a seguir pressionando nas ruas por um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro .

Em meio ao descontentamento popular pela escassez crescente de alimentos básicos e remédios, além dos cortes diários de luz e água , e a maior inflação do mundo, Maduro deu mostras de radicalismo nos últimos dias.

Na sexta-feira, o presidente prorrogou um decreto de emergência econômica em vigor desde janeiro, mas de forma surpreendente acrescentou a ele um estado de exceção por dois meses.

Segundo nota oficial, o estado de exceção autoriza o Executivo a adotar decisões para garantir à população o "desfrute pleno de seus direitos, preservar a ordem interna" e reduzir os efeitos de fenômenos climáticos que afetam a geração elétrica e o acesso aos alimentos.

Entre as justificativas para o estado de exceção, o decreto destaca que a oposição pretende o "desconhecimento de todos os poderes públicos" e promove a "interrupção do período" de Maduro, em referência ao referendo para revogar seu mandato.

O decreto ordena à Força Armada Bolivariana e aos demais órgãos de segurança que "garantam a correta distribuição e comercialização de alimentos e produtos de primeira necessidade".

A medida se associa aos recém-criados Comitês Locais de Abastecimento e Distribuição (CLAP), grupos de cidadãos encarregados da entrega direta de alimentos subsidiados para evitar que terminem nas mãos de contrabandistas.

Maduro atribuiu ainda aos CLAPs "funções de vigilância e de organização", conjuntamente com a Força Armada e a Polícia, "para manter a ordem pública e garantir a segurança e a soberania do país".

O presidente já havia ordenado a tomada das indústrias paradas, colocando na mira quatro fábricas da cervejeira Polar - principal produtora de alimentos e bebidas do país - fechadas por falta de divisas para comprar insumos no âmbito do ferrenho controle cambial.

O governo justifica o estado de exceção por um suposto complô dos Estados Unidos e de líderes opositores para intervir no país com as maiores reservas de petróleo do planeta, sob o pretexto de uma crise humanitária.

Diante desta "ameaça externa", Maduro ordenou a realização no próximo sábado de exercícios militares.

Nesta segunda-feira, os Estados Unidos expressaram sua preocupação com as "terríveis" condições de vida dos venezuelanos, e pediram a Maduro que escute os críticos para não aprofundar a crise.

"As condições da população venezuelana são terríveis", disse o porta-voz da presidência Josh Earnest.

Maduro também fundamenta o estado de exceção na necessidade de tomar medidas drásticas contra a "guerra econômica" que, segundo ele, a oposição e a direita executam para levar à escassez e lançar o povo contra ele.

Neste contexto, admite flexibilizar o controle de preços em troca de que algumas indústrias elevem a produção.

Estado de exceção à prova

Mas os sinais de radicalização vão além do presidente socialista, cuja gestão é reprovada por 68% dos venezuelanos, segundo a empresa Venebarómetro.

O vice-presidente, Aristóbulo Istúriz, rejeitou no domingo a possibilidade de que o herdeiro político do falecido Hugo Chávez (1999-2013) deixe o poder mediante um referendo.

"Aqui Maduro não vai sair por referendo porque primeiro aqui não vai haver referendo. (...) Eles sabem que não vai haver referendo porque primeiro o fizeram tarde, segundo o fizeram mal e em terceiro cometeram fraude", disse Istúriz, referindo-se às assinaturas entregues pela oposição para que o processo seja ativado.

Guanipa considerou que esta advertência é uma "piada" que não diminuirá a pressão pela consulta.

"Terão que matar a todos nós antes de dar um golpe parlamentar", advertiu em referência ao fato de a oposição controlar amplamente o Legislativo desde janeiro.

O estado de exceção será colocado à prova na próxima quarta-feira, quando a oposição planeja marchar em direção às sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em todo o país pedindo o cumprimento dos prazos para que o referendo revocatório seja realizado neste ano.

"A oposição sabe que o protesto é o único mecanismo para escalar a pressão, e o governo precisa deter esta tendência", disse à AFP o analista Benigno Alarcón.

Mobilizações similares foram bloqueadas na última quarta-feira por policiais e militares, desencadeando confrontos.

O líder opositor Henrique Capriles, atingido por gás lacrimogêneo na ocasião, advertiu no sábado sobre o risco de que o governo e o CNE - acusado por ele de servir a Maduro - "tranquem" a consulta.

"A Venezuela é uma bomba que a qualquer momento pode explodir. E, portanto, convocamos todo o povo a se mobilizar para o revocatório", disse, ressaltando que esta é a saída pacífica à crise.

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