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Crimeia coloca Putin em oposição direta ao Ocidente

Petição da Crimeia para se juntar à Rússia cria um impasse que tem cada vez mais coisas em jogo e consequências imprevisíveis

Mulher segura uma imagem de Vladimir Putin durante um protesto contra a agressão russa na Ucrânia, em frente a Casa Branca (Gary Cameron/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de março de 2014 às 14h22.

Moscou - Provavelmente orquestrada pelo presidente russo, Vladimir Putin , a petição da Crimeia para se juntar à Rússia deixa-o diretamente em oposição ao Ocidente, em um impasse que tem cada vez mais coisas em jogo e consequências imprevisíveis.

A votação do Parlamento da Crimeia dá a Putin uma posição de vantagem na crise sobre a Ucrânia, mas corre o risco de provocar hostilidade da parte dos líderes pró-ocidentais em Kiev que se recusaram a recorrer à ação militar e elevar a tensão no sul e leste da Ucrânia, regiões majoritariamente de língua russa.

"Estamos em um ponto muito perigoso, e que ameaça empurrar a crise política na direção de uma situação militar", disse o ex-analista do Kremlin Gleb Pavlovsky.

Os líderes da Ucrânia não têm dúvidas de quem está por trás dos recentes atos na Crimeia, incluindo a convocação de um referendo para decidir se a península ucraniana do Mar Negro, cuja população é, na maioria, de etnia russa, deve retornar à Rússia, à qual pertenceu num período da União Soviética.

"Não é um referendo, é uma farsa, uma falsificação e um crime contra o Estado, organizado por militares da Federação Russa", disse o presidente em exercício da Ucrânia, Oleksander Turchinov, na capital do país, Kiev.

Putin, na prática, jogou na cara dos diplomatas ocidentais o argumento deles de que a deposição em 22 de fevereiro do presidente Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou, tem de ser aceita porque o seu afastamento atendeu à vontade do povo.

Agora eles vão ter que aceitar a vontade do povo da Crimeia.


Ex-espião da KGB, Putin parecia sereno ao comandar uma reunião de seus funcionários mais graduados no Conselho de Segurança nesta quinta-feira aparentemente ignorando a turbulência nos mercados da Rússia e a insistência do governo em Kiev de que um referendo sobre o status da Crimeia seria ilegal.

O líder russo, de 61 anos, parece sentir que tem todas as cartas na mão.

Depois de pedirem a adesão à Federação Russa, os líderes pró-Rússia da Crimeia - instaurados no poder depois que homens armados, que falam russo, tomaram o controle do Parlamento local - disseram que terão de esperar a resposta de Putin para realizar um referendo sobre o status da região.

Eles pretendem realizar o referendo em 16 de março, pedindo aos eleitores da Crimeia, que tem pouco mais de 2 milhões de habitantes, para responderem se desejam unir-se à Rússia ou ficar na Ucrânia.

Coreografia Bem Estudada

A movimentação de Moscou para obter um controle mais firme sobre a Crimeia foi perfeitamente coreografada ao longo dos últimos dias.

Os pedidos de ajuda aos cidadãos de língua russa no sudeste da Ucrânia para se defenderem dos "extremistas" da Ucrânia ocidental, acusados ​​de tentar livrar o país dos russos, resultaram na elaboração de leis para acelerar a concessão de cidadania para os habitantes que falam o idioma russo.

Junto com uma legislação para simplificar o procedimento para que "partes de Estados estrangeiros" se integrem à Federação Russa, essas medidas deixam o governo russo em melhor posição para assumir o controle de uma faixa de terra que o líder soviético Nikita Khruschev entregou à Ucrânia em 1954.

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Moscou - Provavelmente orquestrada pelo presidente russo, Vladimir Putin , a petição da Crimeia para se juntar à Rússia deixa-o diretamente em oposição ao Ocidente, em um impasse que tem cada vez mais coisas em jogo e consequências imprevisíveis.

A votação do Parlamento da Crimeia dá a Putin uma posição de vantagem na crise sobre a Ucrânia, mas corre o risco de provocar hostilidade da parte dos líderes pró-ocidentais em Kiev que se recusaram a recorrer à ação militar e elevar a tensão no sul e leste da Ucrânia, regiões majoritariamente de língua russa.

"Estamos em um ponto muito perigoso, e que ameaça empurrar a crise política na direção de uma situação militar", disse o ex-analista do Kremlin Gleb Pavlovsky.

Os líderes da Ucrânia não têm dúvidas de quem está por trás dos recentes atos na Crimeia, incluindo a convocação de um referendo para decidir se a península ucraniana do Mar Negro, cuja população é, na maioria, de etnia russa, deve retornar à Rússia, à qual pertenceu num período da União Soviética.

"Não é um referendo, é uma farsa, uma falsificação e um crime contra o Estado, organizado por militares da Federação Russa", disse o presidente em exercício da Ucrânia, Oleksander Turchinov, na capital do país, Kiev.

Putin, na prática, jogou na cara dos diplomatas ocidentais o argumento deles de que a deposição em 22 de fevereiro do presidente Viktor Yanukovich, apoiado por Moscou, tem de ser aceita porque o seu afastamento atendeu à vontade do povo.

Agora eles vão ter que aceitar a vontade do povo da Crimeia.


Ex-espião da KGB, Putin parecia sereno ao comandar uma reunião de seus funcionários mais graduados no Conselho de Segurança nesta quinta-feira aparentemente ignorando a turbulência nos mercados da Rússia e a insistência do governo em Kiev de que um referendo sobre o status da Crimeia seria ilegal.

O líder russo, de 61 anos, parece sentir que tem todas as cartas na mão.

Depois de pedirem a adesão à Federação Russa, os líderes pró-Rússia da Crimeia - instaurados no poder depois que homens armados, que falam russo, tomaram o controle do Parlamento local - disseram que terão de esperar a resposta de Putin para realizar um referendo sobre o status da região.

Eles pretendem realizar o referendo em 16 de março, pedindo aos eleitores da Crimeia, que tem pouco mais de 2 milhões de habitantes, para responderem se desejam unir-se à Rússia ou ficar na Ucrânia.

Coreografia Bem Estudada

A movimentação de Moscou para obter um controle mais firme sobre a Crimeia foi perfeitamente coreografada ao longo dos últimos dias.

Os pedidos de ajuda aos cidadãos de língua russa no sudeste da Ucrânia para se defenderem dos "extremistas" da Ucrânia ocidental, acusados ​​de tentar livrar o país dos russos, resultaram na elaboração de leis para acelerar a concessão de cidadania para os habitantes que falam o idioma russo.

Junto com uma legislação para simplificar o procedimento para que "partes de Estados estrangeiros" se integrem à Federação Russa, essas medidas deixam o governo russo em melhor posição para assumir o controle de uma faixa de terra que o líder soviético Nikita Khruschev entregou à Ucrânia em 1954.

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