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Correspondente de guerra Clare Hollingworth morre aos 105 anos

A repórter é mais lembrada pelo "furo", ao anunciar o início da Segunda Guerra, em 1939, quando era apenas uma repórter iniciante

Clare Hollingworth: ela testemunhou os horrores da guerra no Vietnã, Argélia, Oriente Médio, Índia e Paquistão, assim como a Revolução Cultural na China (Bobby Yip/Reuters)

Clare Hollingworth: ela testemunhou os horrores da guerra no Vietnã, Argélia, Oriente Médio, Índia e Paquistão, assim como a Revolução Cultural na China (Bobby Yip/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 16h18.

A veterana correspondente de guerra britânica Clare Hollingworth, que noticiou o início da Segunda Guerra Mundial, morreu nesta terça-feira aos 105 anos.

Uma amiga da família, Cathy Hilborn Feng, confirmou à AFP que Hollingworth morreu em Hong Kong, onde morava há 30 anos.

A família divulgou um breve comunicado no Facebook da jornalista.

"Estamos tristes em anunciar que, depois de uma ilustre carreira de quase um século de notícias, a celebrada correspondente de guerra Clare Hollingworth morreu esta noite, em Hong Kong", diz o texto.

Hollingworth testemunhou os horrores da guerra no Vietnã, Argélia, Oriente Médio, Índia e Paquistão, assim como a Revolução Cultural na China.

Mas ela é mais lembrada pelo "furo", ao anunciar o início da Segunda Guerra, em 1939, quando era apenas uma repórter iniciante.

Aos 27 anos, ela noticiou a invasão alemã à Polônia durante sua primeira semana trabalhando como jornalista do Daily Telegraph.

Usando um carro emprestado de um diplomata britânico para atravessar a fronteira entre a Polônia e a Alemanha, ela viu centenas de tanques alemães, carros blindados e armas, todos de frente para a Polônia e prontos para a ação.

Três dias depois, no dia 1º de setembro, Hollingworth ligou para a embaixada britânica em Varsóvia para dizer às autoridades que a guerra havia começado, depois de ter sido acordada pelo barulho de aviões e tanques nazistas em Katowice, uma cidade polonesa perto da fronteira alemã.

"Se houver uma guerra, e se o mundo quiser, eu gostaria de cobri-la", disse a jornalista à AFP em entrevista em 2009.

Hollingworth também descobriu a deserção do agente duplo britânico Kim Philby para a União Soviética em 1963.

Em 1946, Hollingworth e seu então marido, Geoffrey Hoare, já falecido, escaparam por pouco da morte quando terroristas explodiram o hotel King David em Jerusalém, onde estavam hospedados, matando 91 pessoas.

Quando jovem, Hollingworth viajou pela Europa como ativista, desempenhando um papel humanitário pouco conhecido antes de se tornar jornalista.

Seu sobrinho-neto, Patrick Garrett, publicou recentemente um livro de memórias sobre ela, que procurou lançar luz sobre suas realizações menos divulgadas.

"Of Fortunes and War" destaca o trabalho de Hollingworth com os refugiados antes da Segunda Guerra Mundial.

O livro de Garrett conta como ela trabalhou para a Cruz Vermelha Britânica na Polônia para ajudar milhares de refugiados que tinham abandonado a Checoslováquia depois que a região dos Sudetas foi anexada pelos nazistas em 1938.

Sobre sua tarefa para o Telegraph na Polônia, Garrett escreveu: "Este certamente não era o tipo de trabalho que normalmente era dado a correspondentes femininas. Clare Hollingworth era, no entanto, uma exceção extrema. Assistir guerras se tornaria sua vida".

Hollingworth, que foi casada duas vezes e não teve filhos, comemorou em outubro seu 105º aniversário no Clube de Correspondentes Estrangeiros em Hong Kong.

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