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Corpos se decompõem nas ruas após desastre nas Filipinas

O forte cheiro de decomposição dos cadáveres tomou a cidade filipina de Tacloban, onde milhares de sobreviventes sofrem com a falta de alimentos e de água


	Equipes retiram corpos de vítimas do tufão Haiyan, nas Filipinas: governo está preocupado com os corpos, que podem gerar uma epidemia, segundo fonte
 (Getty Images)

Equipes retiram corpos de vítimas do tufão Haiyan, nas Filipinas: governo está preocupado com os corpos, que podem gerar uma epidemia, segundo fonte (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2013 às 13h45.

Tacloban - O forte cheiro de decomposição dos cadáveres tomou nesta terça-feira a cidade filipina de Tacloban, onde dezenas de milhares de sobreviventes sofrem com a falta de alimentos e de água após a passagem do tufão Haiyan na sexta-feira passada.

As provisões estão chegando muito lentamente às províncias centrais de Samar, Leyte e ao norte de Cebu, as mais afetadas pelo desastre natural, e as agências nacionais e internacionais começaram a se deslocar para a região.

Segundo a equipe da Agência Efe pôde observar, praticamente nada da ajuda internacional chegou a Tacloban, na ilha de Leyte, onde menos de um terço das construções ficaram de pé, a maioria em situação deplorável, e toneladas de esbanjamentos.

Só no centro permanecem de pé os prédios de alvenaria e concreto, embora o tufão tenha levado os telhados de zinco e quebrado as janelas, com rajadas de até 300 km/h que arrancaram como palha os barracos dos bairros.

Uma autoridade local, que não quis revelar seu nome, explicou que o governo está preocupado porque os corpos, que permanecem nas ruas, possam gerar uma epidemia, já que se encontram por todas partes.

A tensão é notável nas filas de pessoas desesperadas que resistem para conseguir o pouco arroz que o exército reparte nas ruas inundadas pelas últimas chuvas em Tacloban, situada uns 852 quilômetros ao sudoeste de Manila.

Via Mabag, uma enfermeira filipina de 24 anos, vive na vizinha ilha de Cebu e, após informar-se do desastre, decidiu ir até Leyte para comprovar se seus parentes tinham sobrevivido ao tufão.

"Normalmente a viagem é feita em cerca de 5 horas, mas com o mau estado das estradas, demoramos 23 horas", contou à Efe a jovem, ainda visivelmente comovida pelos corpos de mulheres e crianças e a destruição que observou durante sua viagem.


"Como é possível que isso tenha acontecido? Graças a Deus, minha família está bem, mas muitos amigos e conhecidos estão desaparecidos. Me sinto culpada por não estar aqui na hora", desabafou, entre lágrimas.

"No Hospital, nos ensinam a controlar as emoções, mas aqui foi impossível. Passei muito mal", acrescentou a enfermeira.

A maioria dos sobreviventes não pode ocultar sua comoção pelo pesadelo que viveucom a passagem de "Haiyan", que além de ventos furiosos criou uma onda gigante que arrasou tudo que encontrou pelo caminho.

Uma moradora de Tacloban relatou como ela e suas três filhas pequenas precisaram se agarrar a uma viga do teto e como pensou que não iriam sobreviver até que o nível de água começou a baixar.

Agora, elas vivem na casa de um vizinho espremidas com outras 30 pessoas, que perderam tudo. "Aqui não vimos nenhuma equipe de resgate. Ninguém nos ajudou", lamentou a sobrevivente.

Já resta pouco para saquear nas poucas lojas e nos colégios que ficaram de pé, e as forças de segurança enviaram 500 soldados e agentes para zelar pela segurança e evitar crimes ou atos de desespero.

O secretário do Interior, Mar Roxas, afirmou que quatro veículos blindados Simba patrulham a cidade para evitar desordens.

"Circulam pela cidade para mostrar ao povo, sobretudo aos que têm más intenções, que as autoridades voltaram", disse Roxas a uma emissora local, que acrescentou que foram enviados controles policiais para evitar que a multidão assedie os caminhões com ajuda.

Os soldados se esforçam para controlar os muitos desesperados que tentam assaltar os postos de gasolina, que reservam grande parte do combustível para os veículos oficiais ou de emergência.

No caminho estão o porta-aviões USS George Washington, cercado por outros navios da Marinha dos Estados Unidos, e a embarcação de guerra britânica HMS Daring, enquanto a ONG Médico Sem Fronteiras já conta com uma equipe na região desde sábado.

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