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Congresso do Peru rejeita antecipação das eleições gerais para outubro

46 pessoas morreram em confrontos com as forças de segurança, enquanto um policial morreu após ser queimado vivo por manifestantes

Peru: manifestações contra o governo de Dina Boluarte assombram o país (ERNESTO BENAVIDES/AFP/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de janeiro de 2023 às 08h57.

O Congresso peruano rejeitou uma proposta da presidente, Dina Boluarte , para antecipar para outubro as eleições gerais.

O objetivo era encerrar a onda de violentos protestos contra o governo, que já deixou mais de 50 mortos e causou uma crise de desabastecimento em várias cidades do país.

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A votação foi concluída na madrugada deste sábado. A proposta do governo recebeu 65 votos contra e apenas 45 a favor - com 2 abstenções. "Com esta votação, está rejeitada a proposta de reforma constitucional para a antecipação das eleições", disse o presidente do Congresso, José Williams.

Pela proposta, apresentada na quinta-feira, a votação aconteceria em outubro, em data a ser definida, e escolheria um novo presidente e integrantes do Congresso e do Parlamento Andino. Os mandatos atuais seriam abreviados e terminaram no fim de dezembro, com os novos ocupantes dos cargos empossados no dia 1.º de janeiro de 2024.

Contraproposta

Apesar da derrota do plano governista, grupos fujimoristas que comandam a oposição, ligados ao ex-presidente Alberto Fujimori e sua filha, Keijo, apresentaram uma contraproposta de reconsideração da votação, que seria realizada na segunda-feira, mas que também tem poucas chances de prosperar, segundo analistas.

A presidente lamentou a decisão do Congresso. "Pedimos às bancadas que deixem de lado seus interesses partidários e de grupos e priorizem os interesses do Peru", escreveu Boluarte no Twitter. "Lamentamos que o Congresso da República não tenha conseguido chegar a um acordo. Nossas cidadãs e cidadãos esperam uma resposta clara que permita alcançar uma saída para a crise política e construir a paz social."

A derrota no Congresso foi mais um revés para Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição do presidente Pedro Castillo , após uma fracassada tentativa de golpe de Estado que levou ao seu impeachment e posterior prisão.

Desde então, o Peru mergulhou em uma onda de protestos liderados por defensores de Castillo, que ocupam as ruas das principais cidades do Peru. Eles pedem, além de novas eleições, a saída imediata de Boluarte, acusada de ser a responsável pela violenta repressão.

Crise

Boluarte descarta renunciar, mas garante que não tem o interesse de se aferrar ao poder. Além dos protestos, seu governo está preocupado com o bloqueio de estradas, que está causando problemas na distribuição de combustível, gás e alimentos, especialmente em áreas do sul do Peru, ponto central das manifestações e reduto de comunidades quíchuas e aimarás, historicamente marginalizadas.

De acordo com dados da Ouvidoria, 46 pessoas morreram em confrontos com as forças de segurança, enquanto um policial morreu após ser queimado vivo por manifestantes.

A essas vítimas somam-se 11 mortes em ocorrências relacionadas com bloqueios de estradas e uma morte ocorrida na zona norte de La Libertad, confirmada pela polícia.

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