Conflito no Sudão do Sul já causou deslocamento de um terço da população
Cerca de 4,3 milhões de pessoas deixaram o país em cinco anos de guerra entre o governo local e um grupo armado de oposição, segundo a ONU
EFE
Publicado em 16 de maio de 2018 às 15h45.
Juba - O secretário para Assuntos Humanitários da ONU, Mark Lowcock, disse nesta quarta-feira que o conflito no Sudão do Sul causou o deslocamento de cerca de 4,3 milhões de pessoas , quase um terço da população do país, enquanto 7 milhões necessitam de assistência humanitária urgente.
Lowcock chamou as partes beligerantes para que cessem imediatamente as hostilidades, em entrevista à imprensa na capital, Juba, feitas ao final de uma visita de dois dias ao Sudão do Sul.
O representante da ONU destacou que "o conflito no Sudão do Sul entrou em seu quinto ano, a população segue sofrendo de forma inimaginável e até o momento o processo de paz não deu frutos".
Segundo Lowcock, 7 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária neste ano e "a situação segue piorando".
"A economia colapsou e os combatentes aplicam uma política de terra queimada, (fazendo) assassinatos e estupros que infringem a lei internacional", acrescentou.
Durante a estadia no país africano, Lowcock se reuniu com representantes do Governo, da oposição armada e das organizações humanitárias, e visitou acampamentos de deslocados na capital e na cidade de Yai, no sul do país.
Lowcock indicou que nesses acampamentos os sul-sudaneses afetados pela guerra pedem uma diminuição da violência como máxima prioridade para pôr fim ao sofrimento.
Além disso, o enviado destacou que os voluntários necessitam trabalhar em "um ambiente seguro sem obstáculos" e acusou as partes em conflito de ameaçar a vida destes trabalhadores e de saqueá-los, além de impor "taxas" para permitir a passagem dos comboios humanitários.
Segundo dados da ONU, cerca de cem trabalhadores humanitários morreram no Sudão do Sul desde que explodiu o conflito entre o Governo e a oposição armada em dezembro de 2013, que continua até o momento apesar do acordo de paz selado em agosto de 2015.