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Conferência sobre fim do ETA pede "solução justa" para o País Basco

Cúpula organizada pelo Grupo Internacional de Contato, pelo Fórum Social Permanente e pela associação Bake Bidea reuniu personalidades internacionais

ETA: decisão de dissolver a organização terrorista foi divulgada ontem pelo grupo (Vincent West/Reuters)

ETA: decisão de dissolver a organização terrorista foi divulgada ontem pelo grupo (Vincent West/Reuters)

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EFE

Publicado em 4 de maio de 2018 às 19h55.

Cambo-les-Bains, França- O fim do grupo terrorista ETA foi aprovado nesta sexta-feira por personalidades políticas internacionais que exigiram uma solução global, justa e duradoura para o País Basco.

A cúpula organizada pelo Grupo Internacional de Contato (GIC), pelo Fórum Social Permanente e pela associação Bake Bidea reuniu personalidades internacionais que aprovaram a decisão divulgada ontem pelo ETA de dissolver a organização terrorista.

Participaram do encontro o ex-presidente do Sinn Féin Gerry Adams, o ex-chefe de governo da Irlanda Bertie Ahern, Jonathan Powell, ex-assessor do primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, o fundador do Partido da Revolução do México, Cuauhtémoc Cárdenas, e o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional Michel Camdessus.

Como convidados, representantes dos partidos bascos PNV, EH Bildu, Podemos e os sindicatos ELA, LAB e UGT, além de várias organizações bascas da Espanha e da França.

As personalidades internacionais leram a chamada "Declaração de Arnaga", que celebra o fim da ETA e pede a reconciliação em um País Basco que, para eles, ainda precisa de uma solução global.

"Hoje nos reunimos no Palácio Arnaga em Cambo-les-Bains para dar boas-vindas à declaração final deste grupo. Ontem, ETA anunciou a decisão de deixar de existir. É um momento histórico para toda a Europa, já que marca o fim do último grupo armado do continente", diz o texto lido pelos participantes.

Além disso, o grupo considera que ainda é preciso realizar um "processo de reconciliação", que deve requerer "bastante tempo" porque os "ferimentos profundos perduram".

"Famílias e comunidades permanecem divididas. Deve haver mais esforços para reconhecer e auxiliar todas as vítimas. Isto vai requerer que todas as partes sejam honestas sobre o passado e será preciso um espírito de generosidade para curar os ferimentos e reconstruir uma comunidade compartilhada", afirmou o texto.

As personalidades também pediram um diálogo político, como o refletido na Declaração de Ayete (2011), para construir a paz. "Recorrer só a medidas de segurança e prisão é raramente eficaz", escreveram no texto. O documento também perde para que assuntos importantes sejam abordados, como os presos e as pessoas em fuga.

Durante a conferência, o líder dos mediadores do Grupo Internacional de Contato, o advogado sul-africano Brian Currin, avaliou que o dia de hoje é de "celebração", mas ressaltou que o processo de paz ainda não acabou.

"Ainda vivemos as consequências da violência, existem problemas com as vítimas e é preciso chegar a reconciliação", disse Currin, lamentando a ausência de representantes dos governos da Espanha, do País Basco e da França na reunião.

O ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, que não participou desta reunião, mas esteve na Conferência de Ayete em 2011, enviou uma mensagem para elogiar o fim do "último conflito armado da Europa".

No entanto, Annan lembrou que ainda falta muito trabalho para "sanar os ferimentos e reconstruir as relações quebradas por 40 anos de conflito".

Após a conclusão do evento, os representantes dos partidos bascos falaram sobre o fim do ETA. O presidente do PNW, Andoni Ortuzar, disse que o pesadelo acabou, lembrando das vítimas do grupo.

Para Arnaldo Otegi, líder do EH Bildu, e Arkaitz Rodríguez, do Sortu, ambos independentistas, ainda falta resolver um conflito que é anterior ao surgimento do ETA.

"Este país tem direito à paz, à liberdade, a ser o que queiramos ser, e o queremos fazer é partir de posições de paz e democráticas", disse Otegi.

O ETA nasceu no fim da década de 1950. O primeiro crime reconhecido do grupo foi o assassinato de um guarda civil em 1968. Desde então, a organização matou mais de 850 pessoas, 40% delas civis. O ETA encerrou suas atividades armadas em 2011.

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