Mundo

Conferência deve dar novo rumo ao Afeganistão

Governo afegão e representantes de mais de 60 países doadores se reunem para avaliar as prioridades do desenvolvimento e do futuro do país

Presidente afegão, Hamid Karzai, à direita, e ministro da Nova Zelândia, Murray McCully: conferência define novos rumos para o desenvolvimento do país (Pool/AFP)

Presidente afegão, Hamid Karzai, à direita, e ministro da Nova Zelândia, Murray McCully: conferência define novos rumos para o desenvolvimento do país (Pool/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Cabul - O Afeganistão acolhe nesta terça-feira, em Cabul, uma conferência internacional onde o governo afegão e representantes de mais de 60 países doadores vão tentar chegar a um acordo sobre as prioridades do desenvolvimento e do futuro deste país devastado pela guerra.

A conferência deve marcar uma nova etapa no lento processo de emancipação do governo afegão, que se prepara para liderar o país no futuro e, especialmente, para defender-se depois que as tropas da Otan e dos Estados Unidos, posicionadas ali desde o final de 2001, forem embora.

Segundo diplomatas ocidentais, o presidente Hamid Karzai deve apresentar um calendário para a tomada de controle por parte da polícia e do exército afegão para permitir a retirada das tropas estrangeiras até o final de 2014, em um momento em que tal intervenção é cada vez mais impopular no Ocidente.

A conferência, descrita como o mais importante encontro internacional organizado na história da capital afegã, acontecerá sob forte esquema de segurança.

Milhares de soldados afegãos e da Otan foram mobilizados para impedir qualquer ataque talibã, uma rebelião que não para de fortalecer nos últimos quatro anos.

"A conferência tem dois objetivos principais. O primeiro é demonstrar que a vontade política do Afeganistão pode ser traduzida em ações", explicou, em entrevista à AFP, o organizador da conferência, o ex-candidato a presidência Ashraf Ghani.

"O segundo é pedir um realinhamento da generosa ajuda internacional para que possamos atingir os nossos objetivos comuns, isto é, um Afeganistão estável, seguro e democrático", acrescentou.


Entre os mais de 70 representantes internacionais estarão cerca de 40 ministros das Relações Exteriores, como a secretária de Estado americana Hillary Clinton, neste encontro que deve ser presidido pelo presidente afegão, Hamid Karzai, e pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.

Os representantes afegãos devem apresentar suas propostas para melhorar o governo, o desenvolvimento econômico e social, a justiça, os direitos humanos e a utilização da ajuda internacional.

Mas isso pressupõe a pacificação de grande parte do país, amplamente abalado pela rebelião.

Para isso, o governo afegão e seu aliado americano esperam atrair rebeldes, através do Programa para a Paz e Reconciliação no Afeganistão, especialmente os soldados de baixa patente que lutam por dinheiro e não por ideologia.

O governo de Cabul e seus parceiros internacionais planejam abrir centros de reinserção, criar empregos e comprar terras para os rebeldes que se entregarem.

No início de junho, o enviado americano Richard Holbrooke anunciou que o assunto seria debatido e detalhado durante a conferência da terça-feira, exigindo que o governo afegão desse garantias sobre a utilização dos 200 milhões de dólares prometidos para financiar o programa.

O governo afegão, por sua vez, espera que a comunidade internacional lhe permita controlar 50% da ajuda total recebida, num prazo de dois anos.

"Para isto, precisará haver progresso significativo na transparência do governo afegão", admitiu Asraf Ghani.

Acompanhe tudo sobre:Desenvolvimento econômicoGuerrasNegociaçõesOriente Médio

Mais de Mundo

Morte de presidente do Irã não deve gerar revolução, mas disputa silenciosa, diz especialista

EUA: Yellen pedirá a aliados europeus para atuar de modo conjunto nas sanções contra a Rússia

Julgamento de Trump entra em fase final, em meio a suspense sobre seu testemunho

Tensão entre Milei e Sánchez, primeiro-ministro da Espanha, se desdobra em crise diplomática

Mais na Exame