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Como um suéter de cashmere ameaça o leopardo-das-neves

Estudo indica que aumento no comércio da lã impulsiona a criação de cabras que consomem a grama disponível para os antílopes, dos quais o leopardo-das-neves depende


	O gosto por roupas de cashmere, afirma estudo, ameaça a sobrevivência do leopardo-das-neves
 (Montagem/Wikimedia Commons)

O gosto por roupas de cashmere, afirma estudo, ameaça a sobrevivência do leopardo-das-neves (Montagem/Wikimedia Commons)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 24 de julho de 2013 às 09h56.

São Paulo – Se você é apaixonado por malhas de cashmere, atenção. Um novo estudo sugere que o aumento no comércio global da lã está comprometendo a sobrevivência de animais ícones da vida selvagem nas montanhas da Ásia Central, entre eles, o leopardo-das- neves, espécie considerada em risco de extinção.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico científico Conservation Biology, a demanda mundial por cashmere impulsiona a criação de um maior número de cabras na região, que por sua vez consomem quase toda a grama disponível para os antílopes, grandes mamíferos dos quais os predadores felinos dependem.

O estudo mostrou que 95% de toda a forragem que cobre o planalto do Tibete, Mongólia e norte da Índia foi consumida por cabras, ovelhas e outros animais, deixando apenas 5% para os animais selvagens que, sem comida, ou padecem ou migram para outras regiões.

Desprovidos de seu principal alimento, os leopardos muitas vezes passam a mirar a própria criação de cabras para garantir sua sobrevivência. Muitos acabam sendo abatidos pelos donos da terra.

“A influência humana exerce pressões ecológicas graves sobre a biodiversidade em escala local, mas também tem efeitos indiretos em cantos distantes do mundo”, dizem os pesquisadores.

Para verificar a hipótese de que o comércio global de cashmere tem fortes efeitos negativos sobre grandes mamíferos nativos de desertos e pastagens elevadas, os pesquisadores analisaram uma série de dados temporais, imagens de satélite da biomassa nativa e também investiram no trabalho de campo.

Em entrevista ao jornal The Guardian, Charudutt Mishra, da Fundação de Conservação da Natureza da Índia, destaca que a questão é sensível, uma vez que a criação de cabra beneficia comunidades carentes.

Ao invés de coibir a atividade – que é legal e econômicamente importante –, ele sugere que se crie pequenos projetos que empodere essas comunidades, por exemplo, pagando um bônus para os produtores que não disparam nos animais.

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