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Como a falta de luz prejudica a África

A falta de eletricidade gera prejuízos econômicos para a população e as empresas da África Subsaariana. Mas existem alternativas para contornar o problema

Com eletricidade: criança da África Subsaariana estuda com a lâmpada da GravityLight (GravityLight/Divulgação)
PG

Paula Gondim

Publicado em 7 de novembro de 2016 às 08h00.

Última atualização em 28 de maio de 2020 às 16h51.

Uma a cada sete pessoas no mundo vive sem eletricidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,1 bilhão de pessoas não estão conectadas a nenhum tipo de rede elétrica. A situação é especialmente grave na África Subsaariana, onde mais de 600 milhões vivem no escuro. A maioria dos países da região tem uma taxa de eletrificação média de 20%, e, em seis países – Chade, República Centro-Africana, Libéria, Malaui, Serra Leoa e Sudão do Sul –, essa taxa está abaixo de 8%.

A falta de luz pode custar caro para um país. Segundo relatório da consultoria McKinsey, o PIB per capita de um país está diretamente ligado ao consumo de energia elétrica: quanto menor o acesso, menor o crescimento. Além disso, quando a energia é fornecida por concessionários pouco confiáveis, empresas e indústrias passam a depender de geradores independentes para funcionar de forma ininterrupta.

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Comumente abastecidas com óleo diesel, essas máquinas demandam uma parcela enorme do orçamento de um projeto, e a dependência delas dificulta a atração de novos investimentos. Esse cenário torna muitas indústrias baseadas na África pouco competitivas e impede o surgimento de novas oportunidades de emprego, o que impacta o PIB anual da região em até três pontos percentuais negativos.

Mas já existem iniciativas que buscam combater o problema da falta de energia. Em 2013, o presidente Barack Obama lançou o Power Africa, um programa de parcerias entre governos, bancos de desenvolvimento e o setor privado que visa dobrar o acesso à rede elétrica no continente africano. A região tem ainda um bom potencial para a criação de fontes alternativas de energia. De acordo com a McKinsey, é possível que, até 2040, mais de 25% da eletricidade seja gerada por fontes renováveis, como a solar, a eólica, a geotermal e a hidrelétrica.

Enquanto a previsão não se concretiza, soluções mais acessíveis começam a aparecer, graças ao trabalho e à criatividade de startups, empresas e organizações não governamentais. Um exemplo disso é a alternativa criada por dois designers ingleses. Jim Reeves e Martin Riddiford inventaram um pequeno gerador que depende apenas da gravidade para acender uma lâmpada de LED. A invenção, chamada GravityLight, já passou por duas rodadas de crowdfunding e, em 2015, foi a vencedora do Shell Springboard, programa que premia projetos com soluções inteligentes para a redução da emissão de gases de efeito estufa. Agora, seus criadores se preparam para produzir e distribuir o produto utilizando mão de obra da região – uma forma não só de iluminar, mas também de movimentar a economia local. Em outubro de 2016, GravityLight e Shell estiveram no Quênia para lançar o produto no país.

A GravityLight é um gerador de corrente contínua que converte energia mecânica em energia elétrica. Para funcionar, o usuário precisa encher uma sacola com objetos pesados, como pedras, pendurá-la em uma das pontas do sistema de roldanas da máquina e levantá-la o mais alto possível. O movimento causado pela queda da sacola fornece a energia mecânica que alimenta a máquina. O gerador acende uma lâmpada de LED que emite uma luz cinco vezes mais brilhante do que a de um lampião de querosene, uma das opções de iluminação mais populares da região.

Criações como a GravityLight podem ajudar a diminuir a utilização desse tipo de lampião, que representa uma série de problemas para a população. É um risco para a saúde – estima-se que ficar perto de um lampião de querosene tenha o mesmo efeito que fumar 170 cigarros por ano. Além disso, é uma alternativa cara, que pode consumir até 30% do orçamento de uma família, e é não renovável.

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