China: país quer acelerar a recuperação da economia e melhorar o ambiente de negócios (Kevin Frayer/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 27 de agosto de 2023 às 19h07.
A China assumiu recentemente uma série de compromissos para acelerar a recuperação da economia e melhorar o ambiente de negócios em meio à crescente preocupação com as perspectivas de crescimento.
Uma série de anúncios do governo e do Partido Comunista desde julho teve como foco estimular mais gastos em itens como bens de consumo e automóveis, persuadir empresas privadas a expandir os investimentos e facilitar o acesso corporativo a financiamentos.
Mas, mesmo com dois cortes das taxas de juros neste ano, o governo chinês não tem implementado o estímulo monetário e fiscal visto em crises passadas. O governo do presidente Xi Jinping reluta em oferecer o tipo de auxílio em dinheiro a consumidores, que impulsionaram as recuperações pós-pandemia nos EUA e em outros países. E os governos locais endividados na China não têm espaço fiscal para grandes gastos.
Confira as principais medidas anunciadas recentemente:
Treze departamentos governamentais delinearam um plano em 18 de julho para aumentar os gastos das famílias em diversas áreas, desde eletrodomésticos a móveis. Autoridades locais são incentivadas a ajudar residentes a renovar suas casas e o acesso ao crédito deve ser facilitado para a compra de produtos para o lar, de acordo com as medidas anunciadas.
Nesta sexta (25), autoridades propuseram que governos locais possam eliminar uma regra que desqualifica pessoas que já tiveram uma hipoteca — mesmo que totalmente paga — de serem consideradas como primeiros compradores nas grandes cidades. O governo deixou a critério das autoridades locais a decisão de adotar a política.
“A chave é saber se os distritos centrais das principais cidades irão adotar essa política”, disse Zhaopeng Xing, estrategista sênior para a China no Australia & New Zealand Banking Group. “Se o fizerem, isso será útil para revitalizar o mercado imobiliário. Mas, se não, a política terá menos impacto.”
Em 21 julho, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) divulgou um plano de 10 passos para aumentar as compras de automóveis, especialmente no segmento de energia nova, incluindo custos mais baixos para carregamento de veículos elétricos e ampliação dos incentivos fiscais. Em junho, o Ministério do Comércio lançou uma campanha de seis meses para estimular a compra de automóveis e impulsionar a adoção de veículos elétricos nas zonas rurais.
Brasil terá 30% de frota verde com elétricos e híbridos a etanol, projeta CEO da BYD
O Partido Comunista e o governo anunciaram um raro compromisso conjunto em 19 de julho para melhorar as condições de empresas privadas, depois de encerrarem uma investida regulatória de quase dois anos contra o setor de tecnologia. O governo de Pequim delineou 31 medidas, que incluíam promessas de tratar companhias privadas da mesma forma que estatais, consultar mais os empresários na elaboração de políticas e reduzir as barreiras de entrada no mercado para empresas.
Em 1º de agosto, a NDRC se comprometeu a expandir o crédito às empresas privadas e estender outras medidas de financiamento às pequenas empresas. Isso inclui a expansão de uma ferramenta de reforço do crédito por meio de títulos, apoiada por instituições financeiras, a todas as empresas privadas qualificadas, e a promessa de subir o valor dos empréstimos para o setor.
Varejistas chineses apostam em descontos para atrair clientes no país
Em 15 de agosto, o Banco Popular da China cortou os juros de referência, uma medida surpreendente que marcou a maior redução da taxa de empréstimos de um ano desde 2020. A medida ocorreu pouco antes da divulgação de dados de julho que mostraram desaceleração dos gastos de consumidores, queda do investimento e aumento do desemprego. Foi o segundo corte nessa taxa neste ano.
Alguns economistas se animaram com o corte de agosto, que poderia sinalizar ainda mais apoio fiscal. Mas, em outra surpresa, bancos chineses mantiveram uma taxa de juros preferencial usada em hipotecas. Isso destacou o dilema enfrentado pelo governo chinês à medida que busca estimular os empréstimos ao reduzir as taxas, ao mesmo tempo em que tenta preservar a estabilidade financeira.
Autoridades chinesas intensificaram as iniciativas para apoiar os mercados diante da onda vendedora de ativos. Em agosto, autoridades pediram a alguns fundos de investimento que evitassem se tornar vendedores líquidos de ações e incentivaram empresas listadas no conselho de ciência e tecnologia de Xangai a recomprar ações, entre outras medidas.
Para frear a desvalorização da moeda, o banco central intensificou sua defesa do yuan nas últimas semanas ao estabelecer fixações diárias mais fortes, e elevar os custos de financiamento no mercado offshore. Ainda assim, a moeda continuou a perder força.