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Comey afirma que governo de Trump mentiu e decidiu difamá-lo

Durante a audiência, ex-diretor afirmou que o FBI é honesto, forte e independente, e que funcionará com ou sem ele

James Comey: "o governo escolheu me difamar e, de maneira muito mais grave, (difamar) o FBI" (Jonathan Ernst/Reuters)

James Comey: "o governo escolheu me difamar e, de maneira muito mais grave, (difamar) o FBI" (Jonathan Ernst/Reuters)

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EFE

Publicado em 8 de junho de 2017 às 12h41.

Última atualização em 8 de junho de 2017 às 15h36.

O ex-diretor do FBI (a Polícia Federal norte-americana) James Comey disse hoje (8) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o difamou e também aos seus colegas, ao afirmar que a organização estava em completa desordem.

A afirmação foi feita durante seu depoimento ao Comitê de Inteligência do Senado sobre a investigação que conduziu a respeito das relações entre a Rússia e a equipe de Trump, até ser demitido no último dia 9 de maio.

Segundo ele, as conversas com o presidente foram "perturbadoras" e as diferentes explicações que o presidente deu para tê-lo demitido são confusas e o preocupam.

O ex-diretor do FBI disse que não tem dúvidas de que a Rússia tentou interferir nas eleições norte-americanas, mas que tem confiança de que nenhum voto foi alterado.

Ele também disse que o FBI já sabia de ataques cibernéticos da Rússia desde 2015 e afirmou que, enquanto ele foi diretor, Trump não esteve na mira das investigações.

Comey disse ainda que não cabe a ele dizer se o presidente tentou "obstruir a Justiça" durante suas conversas particulares.

Repetindo o que já havia divulgado em seu testemunho divulgado ontem (7), Comey disse que redigiu relatórios logo após os encontros com o presidente Trump, por saber que "chegaria o dia" em que precisaria de um relatório para defender seu nome e o da instituição.

Em seu testemunho, declarou que não tinha o hábito de redigir relatórios após encontros com o ex-presidente Barack Obama.

Comey disse que pediu a um amigo professor para divulgar seu relatório da conversa com Trump para a imprensa, acreditando que isso levaria o departamento de Justiça, que controla o FBI, a nomear um conselheiro especial para cuidar do caso.

Há relatos de que o amigo mencionado por Comey seria o professor da Universidade de Columbia Daniel Richman.

O departamento de Justiça de fato nomeou Robert Mueller como conselheiro especial no último dia 17 de maio.

Em seu testemunho apresentado ao Senado ontem (7), Comey havia afirmado que, em um encontro com o presidente, Trump teria dito que seu então assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, acusado de ter mantido contato recorrente com oficiais russos, era um "cara bom", e teria pedido para que Comey deixasse de lado a investigação sobre ele.

Ainda assim, Comey afirmou que Trump não pediu para que ele abandonasse as investigações sobre a Rússia como um todo.

Segundo ele, mesmo que terminasse a investigação sobre Flynn, a investigação sobre a Rússia não teria acabado, pois eram investigações separadas.

Comey afirmou que não entendeu o pedido de Trump para abandonar as investigações como uma ordem.

Sobre o assunto, o filho do presidente, o empresário Donald Trump Jr., afirmou em sua conta no Twitter que "conhecendo meu pai há 39 anos, quando ele ordena ou pede para que você faça algo não há ambiguidade, você sabe exatamente o que ele quis dizer".

Ao ser questionado sobre o que faria se descobrisse que as conversas com Trump relatadas por ele foram gravadas, Comey disse "por mim tudo bem", e disse que seria bom se elas fossem divulgadas.

O ex-diretor disse que o "FBI é e sempre deverá ser independente" e que lamenta não ter tido tempo de se despedir dos colegas na agência.

Super Bowl de Washington

O depoimento de James Comey no Senado gerou mobilização em diversos restaurantes e bares dos Estados Unidos, que abriram mais cedo e promoveram festas temáticas, com transimssão do evento ao vivo.

Com direito a batata frita e vodca russa, o evento foi apelidado de "Super Bowl de Washington", em referência à final do campeonato de futebol norte-americano que movimenta os Estados Unidos todos os anos.

Como era um evento público, muitos fizeram fila para acompanhar o depoimento. A brasileira Victoria Herring, estudante de política, acordou às três da manhã para acompanhar o depoimento e foi a quarta pessoa da fila.

"Eu acho este vai ser um momento histórico, dependendo do que os senadores decidirem", afirmou ela. "É um teste do sistema americano de democracia, por isso quis estar aqui para ser uma testemunha", completou.

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