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Com união da esquerda, Espanha tem primeira coalizão em 90 anos

Em acordo inédito, o Partido socialista Espanhol e a esquerda radical Podemos esperam obter maioria parlamentar com a abstenção de separatistas

Pedro Sánchez: presidente liderará governo de coalizão histórico entre socialistas (120 deputados) e o Podemos (35) (Sergio Perez/Reuters)

Pedro Sánchez: presidente liderará governo de coalizão histórico entre socialistas (120 deputados) e o Podemos (35) (Sergio Perez/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2020 às 05h58.

Última atualização em 7 de janeiro de 2020 às 06h43.

São Paulo — Depois de fracassar em uma primeira votação no último domingo e não conseguir os 176 dos 350 votos necessários para governar a Espanha, o líder socialista Pedro Sánchez espera colocar sua coalizão de esquerda no poder através da abstenção de parlamentares separatistas, nesta terça-feira.

É a primeira vez que o intrincado sistema parlamentarista espanhol forma uma coalizão no poder desde 1930. O problema é a que preço: as concessões feitas dificultarão o ato de governar.

O partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), por exemplo, será crucial para o pleito dessa terça-feira. Negociando uma mesa de diálogo sobre a Catalunha com o novo governo, a sigla irá se abster do voto de confiança, ajudando a eleger Sánchez.  Dos 350 parlamentares que formam o Congresso, 167 devem ser favoráveis a Sánchez, e 165 contrários. As 18 abstenções esperadas ー 13 delas do ERC ー serão fundamentais o governo.

Protestos recentes pela independência da região vêm colocando a Espanha em alerta. Em dezembro, a justiça condenou o presidente da Catalunha, Quim Torra, com o impedimento de ocupar cargo público por um ano e meio, por desobedecer a ordem de retirar símbolos independentistas de sedes de repartições no período de eleições.

No poder desde junho de 2018 através de uma moção de censura que tirou o conservador Mariano Rajoy, Sánchez liderará um governo de coalizão histórico entre socialistas (120 deputados) e o Podemos (35), com um programa focado na redução das desigualdades e na reestruturação do país após a crise econômica. 

O partido de Sánchez venceu as eleições, mas perdeu força nas legislativas realizadas em novembro. Os socialistas já haviam tentado negociar a formação de um governo de coalizão com o Podemos após as legislativas de abril. As negociações haviam fracassado devido a divergências sobre qual papel o Podemos teria no Executivo. O desentendimento levou o país às urnas em duas ocasiões no ano passado.

Após a união sem precedentes entre as alas da esquerda, Sánchez afirma que o novo governo será “categoricamente progressista” e pensado para durar os quatro anos da legislatura. “A Espanha precisa de um governo estável, não interino, um governo sólido, e precisa já”, disse.

Ainda não se sabe ao certo qual será o papel do Podemos na nova legislatura, mas espera-se equilíbrio entre os partidos, com espaço para pautas caras ao Podemos, como reformas trabalhistas que, afirmam os críticos, podem dificultar ainda mais a criação de empregos. 

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