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Com novo governo, Sudão tenta reinício após 30 anos de ditadura

Depois da queda do ditador Omar al-Bashir em abril, um novo governo de transição, liderado pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok, foi formado

Nesta quarta-feira, o novo primeiro-ministro anunciará os nomes dos membros do novo gabinete de governo do país

Nesta quarta-feira, o novo primeiro-ministro anunciará os nomes dos membros do novo gabinete de governo do país

DR

Da Redação

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 06h35.

Última atualização em 28 de agosto de 2019 às 06h45.

Começa uma nova era política num dos países mais conturbados do conturbadíssimo continente africano, o Sudão. Nesta quarta-feira, 28, o novo primeiro-ministro, Abdalla Hamdok, empossado dia 21 de agosto, anunciará os nomes dos membros do novo gabinete de governo do país. O Conselho Soberano do Sudão, que tomou posse junto com o premier, deverá supervisionar a nova administração e a formação de um Parlamento de transição — que deverá ser 40% feminino.

A renovação política acontece depois que uma onda de protestos conseguiu pôr fim, em abril, ao regime do ditador Omar al-Bashir, que estava no poder no Sudão desde 1989. Depois, protestos pró-democracia invadiram o país. Foram necessários meses de negociações entre as Forças Armadas e os líderes dos protestos para chegar a um acordo para fazer a transição política para um governo civil.

Mediado pela Etiópia e pela União Africana, o tratado prevê que o atual chefe do Conselho Militar, general Abdel Fatah al-Burhan, esteja à frente do novo Conselho Soberano por 21 meses. Na sequência, um civil irá ocupar o cargo durante os 18 meses de transição restantes antes das eleições. O Conselho atual é formado por 11 membros, cinco militares e seis civis.

O primeiro-ministro Hamdok, economista, doutor pela Universidade de Manchester, vice-secretário-executivo da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África entre 2011 e 2018, foi um candidato de consenso da oposição para assumir como primeiro-ministro. Ele é quem vai liderar o governo de transição que vai cuidar do Sudão pelos próximos três anos, substituindo uma junta exclusivamente militar. Em entrevista após tomar posse, Hamdok disse que o programa deste período de transição será o slogan da revolução: “paz, liberdade e justiça”.

Internacionalmente, a posse do primeiro-ministro e a formação de um governo com civis é vista com bons olhos. Com isso, o Sudão espera que os Estados Unidos retirem as sanções econômicas impostas ao país, que está na lista norte-americana de “Estados que apoiam o terrorismo”. O novo governo tem a difícil missão de recuperar a economia fragilizada e tentar restaurar a paz em regiões marcadas por vários conflitos, em especial Darfur, no oeste do país, que vive em estado de guerra civil desde 2003.

O Conselho Soberano também tentará reverter a suspensão do Sudão da União Africana, que aconteceu em junho, após repressão violenta por parte do governo a um protesto pacífico em Cartum. Segundo um comitê de médicos ligado ao protesto, 127 pessoas morreram nesse ato de 3 de junho.

A depender das primeiras atitudes do novo governo, que terá a primeira reunião ministerial com o Conselho Soberano no dia 1º de setembro, esse pode ser o início de um novo caminho político para o Sudão internamente e na comunidade internacional.

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