Com eleições em outubro, argentinos relembram unidos a Guerra das Malvinas
País para nesta terça-feira para feriado que marca os 37 anos da guerra que acelerou o fim da ditadura militar no país
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2019 às 04h52.
Última atualização em 2 de abril de 2019 às 06h31.
Uma guerra que une esquerda e direita. Pode parecer impossível nos dias atuais, mas é o que acontece na Argentina nesta terça-feira: os hermanos celebram neste 2 de abril os 37 anos do início da Guerra das Malvinas, quando disputaram — e perderam — em 1982 o território em embate contra o Reino Unido .
A derrota levou ao enfraquecimento da ditadura militar argentina e à reeleição de Margaret Thatcher, então premiê britânica. Mas até hoje, a questão das Malvinas desperta sentimentos profundos em ambos os lados. Na Argentina, a direita e os militares gostam de rememorar o sentimento patriótico da guerra; já a esquerda vê no conflito uma resistência latino-americana contra o imperialismo de Reino Unido e Estados Unidos.
As Malvinas — ou Falklands, como os ingleses chamam o território — eram controladas pelos ingleses desde 1883. Contudo, o arquipélago fica próximo à Patagônia e era visto como parte do território argentino. Até que, durante a ditadura militar argentina, o governo decidiu reavivar a disputa e ocupar as ilhas, usando o sentimento patriótico para desviar o foco das crises em casa. Não adiantou: os britânicos, que tinham 28 mil soldados contra 10 mil argentinos, além de equipamentos mais modernos e apoio dos Estados Unidos, massacraram os argentinos em apenas dois meses.
Mais de três décadas depois, as relações com o Reino Unido seguem ruins, e os argentinos celebram o 2 de abril como feriado nacional. Nesta terça-feira, o presidente Mauricio Macri receberá familiares de soldados mortos. Macri, contudo, vem sendo menos severo nos pedidos de retomada das Malvinas em relação a seus antecessores, Nestor e Cristina Kirchner. Macri foi o primeiro presidente a não citar as Malvinas em seu discurso de posse, e embora tenha dito na última Assembleia Geral das Nações Unidas que a Argentina tem “direitos soberanos” sobre as ilhas, prometeu amenizar as relações com o Reino Unido.
Num ano de eleições presidenciais, como este, qualquer grande data nacional é palco para os posicionamentos dos pré-candidatos. Macri, de centro-direita e representando a coalizão Cambiemos, deve disputar o cargo com Cristina Kirchner, ex-presidente entre 2007 e 2014 e parte da coligação de esquerda Unidade Cidadã. A dificuldade do atual governo de reerguer a economia com reformas liberalizantes tende a ser a grande pauta até outubro, quando os argentinos vão às urnas.