Mundo

Colômbia e Farc retomam diálogo sem data para paz

Uma nova crise se instalou em Havana devido às divergências entre o governo e as Farc sobre a fórmula e tempo previsto para o desarmamento


	Diálogos de paz: "Não podemos postergar mais na mesa de Havana o acordo sobre o paramilitarismo e garantias de segurança"
 (Yamil Lage/AFP)

Diálogos de paz: "Não podemos postergar mais na mesa de Havana o acordo sobre o paramilitarismo e garantias de segurança" (Yamil Lage/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2016 às 16h16.

Havana - Após o descumprimento do prazo do dia 23 de março para assinar a paz, a Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia retomaram nesta quarta-feira, em Havana, as negociações sem anunciar novas datas e com o desafio de aparar arestas no delicado assunto do desarmamentos, entre pedidos dos guerrilheiros para impedir o paramilitarismo.

"Não podemos postergar mais na mesa de Havana o acordo sobre o paramilitarismo e garantias de segurança. Com grupos paramilitares, com crimes e atentados, com ameaças e terror, não podemos materializar a paz", afirmou hoje o chefe guerrilheiro Jorge Torres Victoria, conhecido como "Pablo Catatumbo".

Um acordo sobre essas duas questões, que é negociado há meses em uma comissão liderada pelo general Óscar Naranjo, por parte do governo, e pelo próprio Catatumbo, do lado das Farc, está próximo de ser firmado, confirmaram à Agência Efe fontes da guerrilha.

Quando todos já davam por descartada a assinatura da paz no último dia 23 de março, as partes continuavam afirmando que anunciariam um acordo sobre cessar-fogo bilateral definitivo e outro sobre segurança e paramilitarismo, algo que não ocorreu.

Semanas antes de a data limite chegar, uma nova crise se instalou em Havana devido às divergências entre o governo e as Farc sobre a fórmula e tempo previsto para o desarmamento.

Além disso, as partes não conseguiram concordar sobre o número e as condições de segurança das zonas de localização nas quais os guerrilheiros se concentrarão para realizar o desarme.

Dessa forma, o governo e as Farc chegaram ao dia 23 de março sem anúncio, situação que foi abordada na última segunda-feira em uma reunião em Bogotá entre os negociadores das duas partes para analisar os aspectos jurídicos que impediram assinar o pacto.

Esteve no encontro o ministro da Justiça, Yesid Reyes, que abordou os fundamentos do fim do conflito com os advogados das Farc, o espanhol Enrique Santiago e o colombiano Diego Martínez.

Hoje, no reinício das conversas em Havana, os guerrilheiros pediram ao governo de Juan Manuel Santos para firmar um pacto sobre a segurança e o paramilitarismo, já que consideram que estes são problemas graves que ameaçam a paz na Colômbia.

As Farc insistiram que o paramilitarismo "não é nenhum fantasma invocado pela insurgência, nem uma elucubração dilatória para adiar a paz, mas uma realidade indubitável que procura atravessar na conquista de um acordo final e intimidar os amigos da solução política".

"Ninguém na Colômbia trata como uma casual coincidência entre a greve paramilitar e a convocação de extrema-direita a uma marcha nacional contra o processo de paz", indicou Catatumbo sobre os protestos convocados no fim de semana passado pela oposição liderada pelo ex-presidente do país Álvaro Uribe.

Catatumbo indicou que essa "greve forçada" colocou em evidência o "repugnante vínculo" do paramilitarismo com "setores políticos, econômicos, militares e do governo, no meio da negação da administração nacional".

Segundo as Farc, o paramilitarismo é a "expressão armada de um pensamento e uma corrente política que fez da guerra e do terror seu principal meio de enriquecimento".

A guerrilha também denunciou que, durante o atual governo Santos, 346 integrantes de organizações sociais e populares foram assassinados, entre eles 112 do Movimento Político e Social Marcha Patriótica, além dos "milhares que foram ameaçados".

"É claro que os mesmos interesses econômicos e políticos que engendraram o monstro paramilitar continuam atuando hoje livre e impunemente. Seus aríetes políticos e da grande imprensa pretendem criar um clima de intolerância, ódio e incitação que sirva de palco ao esperado extermínio político", afirmaram as Farc. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaColômbiaFarcNegociações

Mais de Mundo

Trump considera declarar emergência econômica nacional para impor programa de tarifas, diz CNN

Advogados negam fuga do presidente destituído da Coreia do Sul

Soberania do canal 'não é negociável', responde Panamá a Trump

Corpo do ex-presidente americano Jimmy Carter chega a Washington