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Colômbia culpa Farc por atraso em construção de zonas de reunião

Segundo o alto comissário para a Paz, atraso se deve ao fato de vários "comandantes não terem permitido avanços"

Farc: em alguns casos, os chefes das Farc solicitaram ginásios e edificações robustas que não correspondem com acampamentos temporários (Reuters)

Farc: em alguns casos, os chefes das Farc solicitaram ginásios e edificações robustas que não correspondem com acampamentos temporários (Reuters)

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EFE

Publicado em 6 de março de 2017 às 13h39.

Última atualização em 6 de março de 2017 às 13h40.

Bogotá - O alto comissário para a Paz da Colômbia, Sergio Jaramillo, denunciou nesta segunda-feira que parte dos atrasos na adequação das 26 zonas onde estão reunidos os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para a entrega das armas se devem ao fato de vários "comandantes não terem permitido avanços".

"Em muitos acampamentos, os próprios comandantes das Farc não permitiram avanços porque estão fazendo exigências que não correspondem ao que foi estipulado com as Farc", afirmou Jaramillo em entrevista coletiva em Bogotá.

O funcionário denunciou que, em alguns casos, os chefes das Farc solicitaram ginásios e edificações robustas que não correspondem com acampamentos temporários para alojar os cerca de 7 mil guerrilheiros que já se encontram nas zonas verdes transitórias de normalização (ZVTN).

Neste sentido, Jaramillo lembrou que as duas partes acordaram questões relacionadas com a construção de acampamentos nas ZVTN em 17 de janeiro em reunião com o Secretariado (comando) das Farc.

Por isso, afirmou que se "há comandantes que fazem outras exigências além" do estipulado, é um assunto deles".

"Mas foi um impedimento real e até onde vemos os membros do Secretariado estão fazendo um trabalho intenso de pedagogia, facilitamos as visitas para isso que justamente seja destravado", acrescentou o funcionário.

No entanto, Jamarillo reiterou que o governo "não vai fazer nada diferente" do que foi acordado, e que os locais onde há exigências adicionais é onde existem problemas.

Por sua vez, o gerente das ZVTN, Carlos Córdoba, detalhou os problemas que surgiram nos diferentes pontos e que vão desde as exigências dos guerrilheiros, que querem pagamento por seu trabalho nas construções, até a reivindicação de que sejam construídos ginásios, edifícios mais sólidos, melhores estradas e inclusive sobre os materiais empregados.

Neste sentido, comentou que na ZVTN instalada no município de Vigía del Fuerte, no departamento de Antioquia (noroeste), solicitou "duplas paredes nas casas e pisos de banheiros em porcelana", o que considera que "se sai de toda lógica" para um acampamento temporário, que a princípio deve durar até 29 de maio.

Em referência a outra das zonas que mais poeira levantou, a instalada em uma zona rural do município de Tumaco, no departamento de Nariño (sudoeste), Córdoba afirmou que as Farc solicitaram a construção de dois ginásios, um estúdio audiovisual, 12 escritórios para comandantes, quartos em tijolo com ar condicionado, entre outros elementos, o que considerou que "saía de toda proporção".

Além disso, comentou que em outros casos chegam integrantes de vários frentes e pedem alojamentos separados com respectivas áreas comuns, banheiros e cozinhas à parte, o que dificulta ainda mais o trabalho.

Antes de concluir, Jaramillo reiterou que as zonas verdes devem acabar em 29 de maio, já que "não são um lugar físico", mas "parte de um acordo com um peso jurídico".

No entanto, disse que uma vez chegue essa data, os guerrilheiros não terão que sair das ZVTN "em debandada", mas farão o trânsito legal de maneira progressiva, por isso que poderão continuar algum tempo nos pontos em que estão os acampamentos.

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