Mundo

Cientistas enfrentam dilema ético na vacina para o ebola

Autoridades estão determinadas a produzir vacinas, dispensando parte dos testes corriqueiros e levantando dúvidas éticas e questões práticas


	Vacina: nova droga pode ser usada nas populações afetadas do oeste da África até o final deste ano
 (sxc.hu)

Vacina: nova droga pode ser usada nas populações afetadas do oeste da África até o final deste ano (sxc.hu)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2014 às 11h44.

Londres - Normalmente são necessários anos para provar que uma nova vacina é segura e eficaz antes que ela possa ser usada em pacientes – mas com dezenas de pessoas morrendo diariamente no pior surto de ebola da história, não há tempo para esperar.

No esforço para salvar vidas, as autoridades de saúde estão determinadas a produzir vacinas dentro de meses, dispensando parte dos testes corriqueiros e levantando dúvidas éticas e questões práticas.

“Ninguém sabe ainda como vamos fazer isso. Há muitas questões difíceis e pragmáticas sobre a distribuição, e ninguém ainda tem respostas definitivas”, disse Adrian Hill, que está realizando testes de segurança em voluntários saudáveis de uma vacina experimental para o ebola desenvolvida pela GlaxoSmithKline.

Hill, professor e diretor do Instituto Jenner na Universidade Oxford, na Grã-Bretanha, disse que, se seus resultados não mostrarem efeitos colaterais adversos, a nova droga da GSK pode ser usada nas populações afetadas do oeste da África até o final deste ano.

Mesmo se uma droga se mostrar segura, leva mais tempo para se provar que é eficaz – tempo que simplesmente não se tem, já que os casos de infecção do ebola duplicam a cada poucas semanas e devem chegar a 20 mil até novembro, segundo uma projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Entre os dilemas que os cientistas estão enfrentanto estão: deveria se dar uma vacina não comprovada a todos ou só a alguns? Ela deveria ser oferecida primeiro aos profissionais de saúde? Aos mais jovens antes dos mais velhos? Ela deveria ser usada primeiro na Libéria, onde o ebola está se disseminando mais rápido, ou na Guiné, onde o vírus está mais perto de ser controlado? Deveríamos dizer às pessoas que podem acreditar que a vacina irá protegê-las do ebola? Ou deveriam continuar tomando todas as medidas preventivas, como se não tivessem sido vacinadas? E nesse caso, como se saberá se a vacina funciona?

A GSK é uma de várias indústrias farmacêuticas que iniciaram ou anunciaram planos de testes com humanos de possíveis vacinas contra o ebola. Entre elas estão Johnson & Johnson, NewLink, Inovio Pharmaceuticals e Profectus Biosciences.

A OMS declarou esperar que se possa usar, em pequena escala, as primeiras vacinas experimentais para o ebola no oeste africano até janeiro do ano que vem, e convocou especialistas em vacinas, epidemiologistas, farmacêuticas e especialistas em ética para uma reunião nesta segunda e terça-feiras para discutir os ângulos morais e práticos do assunto.

A maioria dos especialistas entrevistados pela Reuters é a favor da ideia de se oferecer as primeiras doses para os assistentes de saúde nos locais atingidos, já sua exposição é alta.

Depois, os pesquisadores poderiam comparar as taxas de infecção entre estes e aqueles nas regiões que ainda aguardam a vacina.

Acompanhe tudo sobre:DoençasEbolaEpidemiasVacinas

Mais de Mundo

Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

38 pessoas morreram em queda de avião no Azerbaijão, diz autoridade do Cazaquistão

Desi Bouterse, ex-ditador do Suriname e foragido da justiça, morre aos 79 anos

Petro anuncia aumento de 9,54% no salário mínimo na Colômbia