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Cidade quer ser pioneira no cultivo de maconha medicinal

Na América do Sul, apenas o Uruguai descriminalizou a maconha, enquanto a Colômbia permite para usos terapêuticos


	Maconha: cidade na Argentina quer ser a primeira a cultivar a droga para uso medicinal
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Maconha: cidade na Argentina quer ser a primeira a cultivar a droga para uso medicinal (OpenRangeStock)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2016 às 15h28.

Buenos Aires - Do pároco aos médicos, passando pela polícia até chegar ao prefeito, os moradores da cidade de General La Madrid, na província de Buenos Aires, se uniram em torno de um objetivo: afastar os preconceitos e se transformar no primeiro munícipio da Argentina a cultivar e pesquisar legalmente a maconha com fins medicinais.

Situado na região sudoeste da província mais rica e povoada da Argentina e com cerca de 12.000 habitantes, o município, através de seu Conselho Deliberativo, solicitou ao Congresso argentino que aprove a descriminalização do cultivo e da produção de cannabis para usos terapêuticos, atualmente não contemplada na legislação do país, para se transformar na primeira cidade a aplicá-la.

"Se chegou a um consenso coletivo que permitiu que o Conselho Deliberativo levasse um pedido ao Congresso", disse à Agência Efe o prefeito de General La Madrid, Martín Randazzo (da coalizão governista Cambiemos), convencido de que os políticos têm que "colocar-se nos sapatos dos que sofrem".

"Estamos convencidos que isto pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, a dor, o sono...", acrescentou.

Na América do Sul, apenas o Uruguai descriminalizou a maconha, enquanto a Colômbia permite para usos terapêuticos e o Chile está estudando uma medida para legalizar também sua utilização médica.

Precisamente este último modelo é o que serviu de inspiração para o pedido de General La Madrid. Mas tudo começou, na realidade, com uma viagem ao Canadá.

Por causa da doença de sua irmã, que sofre de epilepsia refratária, Marcelo Morante, médico da cidade e professor da Universidade de La Plata, decidiu formar-se sobre os usos terapêuticos da maconha.

Era também um "desafio educativo" contra a "rigidez" que às vezes paralisa as instituições na hora de pesquisar temas controversos, segundo contou Morante à Efe.

Como na Argentina não é possível receber este tipo de capacitação, em 2014 tomou um avião ao Canadá e trouxe na mala os conhecimentos necessários para continuar pesquisando em sua universidade, mas também com a ideia de envolver "a comunidade" por meio de uma oficina organizada em seu próprio município.

Daí surgiu a iniciativa para que a prefeitura pedisse a modificação da lei de drogas da Argentina, com o objetivo de que General La Madrid se transformasse na primeira cidade a cultivar a planta para fazer produtos como o óleo de cannabis, os vaporizadores e os comprimidos aplicados em tratamentos contra a dor, o câncer ou a epilepsia, entre outros.

"Com muita emoção eu os vi muito interessados no tema, muito comprometidos. Estou realmente orgulhoso pelo modo como minha comunidade respondeu. Fui dar uma palestra no Congresso Nacional de Neurologia em 2015 e a sociedade científica se mostrou mais reticente", comentou Morante.

"O que eles colocavam como mais importante era o afeto, a solidariedade com os que sentem dor, antepunham isso a qualquer tipo de especulação ou de preconceito", acrescentou.

Médicos, policiais e até o pároco da cidade apoiaram a proposta e inclusive a levaram a um novo nível, ao propor complementar o debate com a necessidade de educar os jovens sobre bons hábitos de saúde.

Além disso, se transformar na pioneira na Argentina na produção de cannabis medicinal e contribuir à pesquisa de seus usos a partir da permissão do Congresso para realizar estudos clínicos serviria aos moradores de General La Madrid como "impulso" para desenvolver-se "como cidade", destacou Randazzo, tanto em nível econômico como científico e social.

"Ajudaríamos a todos e isso nos ajudaria, reforçaria nossas raízes, nos tornaria uma cidade diferente", concluiu o prefeito.

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