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Cidade de Kobani promete resistir ao Estado Islâmico

Autoridades curdas da cidade de Kobani, assediada pelo Estado Islâmico, prometem que localidade não cairá nas mãos dos radicais

Combatentes curdos: "o pânico dos primeiros dias acabou", disse premiê regional (Karim Sahib/AFP)
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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 10h01.

Ancara - As autoridades curdas da cidade de Kobani, assediada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), prometem que não cairá nas mãos dos radicais sunitas e pedem à coalizão liderada pelos Estados Unidos que ataque as posições dos agressores.

Esta é a mensagem confidenciada à Agência Efe por uma delegação de parlamentares turcos da oposição que visitou Kobani na quinta-feira e que se reuniu com as máximas autoridades desse setor curdo na Síria, submetido há uma semana a uma grande ofensiva do EI, que tomou uma centena de povoados curdos.

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"Kobani não cairá. O pânico dos primeiros dias acabou. Foram criadas fortes linhas de defesa ao redor da cidade, e a resistência se tornou muito mais forte", assegurou o primeiro-ministro regional, Enver Muslim.

Esta mensagem de Muslim chegou à Efe através de Veli Agbaba, um dos vice-presidentes do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), a maior legenda opositora turca, e que na quinta-feira esteve em Kobani para conhecer a situação de perto.

"Os seis dias de resistência das forças curdas levantou o moral da cidade. Estão convencidos de que vão derrotar o EI em Kobani. Mas não têm comida. Estão submetidos a um cerco por leste, oeste e sul, e a única ajuda que pode chegar é pela Turquia, pelo norte", explica por telefone Agbaba.

A cidade, conhecida também por seu nome árabe de Ayn al Arab, é a capital de um cantão curdo rodeado pelo EI há mais de um ano, mas foi há apenas uma semana que o grupo extremista lançou uma grande ofensiva para conquistá-la.

O medo de que os jihadistas massacrem a população civil fez com que na última semana 150 mil curdos da Síria buscassem refúgio na Turquia.

Outro deputado turco do CHP, Huseyin Aygun, explicou à Efe que levaram para Kobani um comboio de dez caminhões com alimento e remédios, ajuda que considera "crucial" para a cidade assediada.

"Muitas pessoas de toda a Turquia trouxeram ajuda para Kobani e esperam no lado turco, em Suruc. Mas a Polícia e o Exército os param ali, não lhes permitem trazer a ajuda. Se não fôssemos parlamentares também não nos teriam permitido", denunciou Aygun.

Os dois deputados turcos destacam que as autoridades curdas na Síria apoiam a coalizão internacional contra os jihadistas e aplaudem os ataques aéreos, mas lamentam que não se tenha bombardeado as posições dos extremistas que cercam a cidade.

Os jihadistas contam com artilharia e blindados modernos, capturados do Exército iraquiano em junho, enquanto as milícias seculares curdas têm apenas armamento leve e granadas antitanque da época soviética.

As autoridades curdas da Síria relataram aos deputados que a Turquia estava dando apoio aos jihadistas e que este devia parar porque era um risco para a segurança do país euroasiático.

"Se não pararem com esse apoio, o EI se tornará uma ameaça para a Turquia", lhes disse o governante regional de Kobani, segundo lembraram os parlamentares.

A oposição laica turca veio acusando o Governo de fechar os olhos à ameaça jihadista ao ter permitido a chegada de combatentes e armamento aos grupos radicais através de solo turco.

Os curdos da Síria estão apresentando uma dura resistência ao avanço do EI, que em junho proclamou um califado no Iraque e na Síria, e seus enclaves foram anteriormente alvo dos jihadistas, que os consideram "apóstatas" por causa de suas ideias seculares.

Eles se concentram, sobretudo, na província de Al Hasaka (nordeste) e nas regiões de Afrin e Kobani, em Aleppo (norte), e representam 9% da população da Síria.

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