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China recusa proposta de resgate imobiliário de R$ 5,75 trilhão do FMI

Governo chinês descarta sugestão do FMI de financiar projetos imobiliários inacabados, citando riscos de incentivo a futuros resgates

China vive crise de projetos imobiliários inacabados (Vernon Yuen/NurPhoto/Getty Images)

China vive crise de projetos imobiliários inacabados (Vernon Yuen/NurPhoto/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 2 de agosto de 2024 às 11h17.

Última atualização em 2 de agosto de 2024 às 11h27.

O governo chinês rejeitou uma proposta do Fundo Monetário Internacional (FMI) que sugeria o uso de recursos do governo central para completar projetos habitacionais inacabados, uma medida que visa combater a crise no setor imobiliário do país, que tem sido um dos maiores obstáculos para o crescimento econômico. As informações são da Bloomberg.

O FMI recomendou que a China alocasse recursos fiscais excepcionais para finalizar e entregar imóveis já vendidos ou compensar os compradores. De acordo com uma revisão anual da economia chinesa, publicada na sexta-feira, 2, essa medida custaria cerca de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao longo de quatro anos, o equivalente a quase US$ 1 trilhão (R$ 5,75 trilhões).

Entretanto, em uma resposta oficial incluída no relatório, as autoridades chinesas praticamente descartaram essa solução. Zhang Zhengxin, diretor-executivo do FMI para a China, afirmou que o governo deveria continuar aplicando princípios com base no mercado e no estado de direito para concluir e entregar essas unidades habitacionais.

Cautela chinesa

A rejeição à proposta do FMI reflete a cautela das autoridades chinesas em adotar um grande estímulo fiscal ou em estender um socorro direto ao mercado imobiliário, que tem sofrido uma longa desaceleração. Apesar da necessidade de fundos para concluir projetos habitacionais inacabados, o FMI reiterou o apelo para que o governo acelere a liquidação de incorporadoras insolventes e permita maior flexibilidade nos preços dos imóveis.

A crise imobiliária na China se tornou o maior obstáculo ao crescimento econômico nos últimos dois anos. Embora Pequim tenha adotado medidas para evitar que o ajuste do mercado imobiliário saia do controle ou desencadeie uma crise financeira, o apoio direto ao setor tem sido limitado. Em parte, isso se deve à determinação das lideranças em mudar o motor de crescimento da economia, afastando-o do setor imobiliário e focando em tecnologia e manufatura.

O governo incentivou os bancos a conceder empréstimos para incorporadoras e projetos habitacionais paralisados, mas evitou fornecer financiamento direto. Em maio, as autoridades anunciaram o maior pacote de resgate até o momento, com um fundo de 300 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 51,3 bilhões) do banco central, destinado a ajudar governos locais a comprar imóveis concluídos, mas não vendidos, e transformá-los em habitação subsidiada.

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