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China nega esterilização e prisão forçada de grupo étnico em trem macabro

Abusos generalizados incluindo esterilização e detenção forçada contra o povo uigur, de minoria muçulmana, são realizados pela China

Vagão de trem à espera do povo uigur para ser levado à prisão forçada (BBC/Reprodução)

Vagão de trem à espera do povo uigur para ser levado à prisão forçada (BBC/Reprodução)

Janaína Ribeiro

Janaína Ribeiro

Publicado em 19 de julho de 2020 às 12h47.

Última atualização em 19 de julho de 2020 às 12h58.

O embaixador da China no Reino Unido foi confrontado durante entrevista com a BBC quando dizia que o povo uigur vive em "coexistência pacífica e harmoniosa com outros grupos étnicos". Imagens mostradas pela emissora mostravam o momento em que prisioneiros algemados estavam sendo levados para vagões macabros de trem em Xinjiang, na China.

Segundo publicação do The Guardian, grupos de direitos humanos e governos ocidentais catalogaram e divulgaram os abusos generalizados contra a minoria muçulmana na região ocidental da China, incluindo esterilização e detenção forçada em massa em campos de "reeducação".

Em agosto do ano passado, imagens de drones revelaram centenas de homens que pareciam ser uigures, algemados e com os olhos vendados, sendo levados em um trem no que se acreditava ser uma transferência de presos em Xinjiang.

Um repórter da BBC mostrou essas imagens para o diplomata chinês, que afirmou não saber de onde se tratava o vídeo. "Não sei de onde vem essas imagens. Essa pode ser uma transferência de prisioneiros feita em qualquer país", disse Liu Xiaoming, que em sequência acrescentou: "Os uigures desfrutam de coexistência pacífica e harmoniosa com outros grupos étnicos e tratamos todos os grupos como iguais".

Uma entrevista com uma mulher que disse ter sido submetida a esterilização forçada também foi apresentada para Xiaoming.  Segundo ele, a acusação seria fruto de "um pequeno grupo anti-China".  "Não há esterilização forçada, generalizada, massiva ou forçada entre mulheres uigures na China". Porém, o diplomata admitiu que casos  únicos seriam possíveis no país.

No início deste mês, os EUA impuseram sanções a autoridades chinesas em protesto contra o tratamento dos uigures e outros grupos minoritários, incluindo cazaques.

A secretária de relações exteriores do Reino Unido, Lisa Nandy, disse à BBC que tudo indica que a China estaria envolvida em um genocídio. "Certamente é o que parece", disse, descrevendo como a China persegue deliberadamente a morte de um grande grupo de pessoas com base em sua etnia. Ela instou o governo do Reino Unido a ecoar a abordagem dos EUA e a impor sanções unilaterais.

Além de negar categoricamente a perseguição aos uigures, Liu Xiaoming expressou raiva pela decisão de Boris Johnson de excluir a chinesa Huawei da rede 5G do Reino Unido até o final de 2027, sugerindo que Londres estaria "dançando ao som" de Washington. “Ainda estamos avaliando as consequências. Esta é uma péssima decisão ”, afirmou.

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