China expõe aos EUA preocupação sobre crise europeia
Em encontro entre os países, autoridasdes chinesa não confirmam data para valorização do iuane
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2010 às 16h23.
Pequim - O Governo chinês expôs hoje a Washington sua preocupação com a crise da dívida na Europa, principal destino de suas exportações, sem se comprometer a fixar uma data para a valorização do iuane, como é exigido pelos Estados Unidos.
"A recente crise de dívida soberana em alguns países europeus desencadeou uma reação em cadeia", disse Wang Qishan, vice-primeiro-ministro do Conselho de Estado chinês (Poder Executivo), na abertura do primeiro do diálogo estratégico bilateral, realizado hoje e amanhã na capital chinesa.
Wang e o secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, lideram o diálogo econômico, enquanto a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e o conselheiro de Estado chinês Dai Bingguo, se ocupam dos aspectos estratégicos e políticos.
A crise europeia "causou grandes oscilações nos mercados financeiros internacionais e afetou de forma negativa a confiança dos mercados. Trouxe muitas incertezas para a lenta recuperação da economia mundial e acrescentou dificuldades para os países afetados aplicarem suas macropolíticas", acrescentou Wang.
Em tom similar se expressou hoje o chefe do Banco Popular da China, Zhou Xiaochuan, que, no entanto, descartou que o Governo chinês modificará sua política monetária em resposta à crise da dívida em alguns países europeus.
"A China é uma grande economia e, geralmente, os fatores domésticos são mais importantes para ajustar a política monetária", disse Zhou, em entrevista coletiva.
Durante o primeiro dos dois dias de reunião, Zhou afirmou que as delegações dos EUA, primeira potência econômica, e da China, a terceira, expressaram seu apoio às medidas que a União Europeia (UE) está adotando para superar a crise.
"A opinião geral foi de manter o ritmo da recuperação econômica global", afirmou Zhou.
Sobre a valorização do iuane exigida por Washington e que foi motivo de tensões nos últimos meses, o presidente da China, Hu Jintao, reiterou a habitual postura de seu Governo de estar aberto a uma valorização, mas sempre sob o princípio de "independência, controle e em processo gradual".
Na prática, o discurso de Hu desvincula Pequim de uma data ou de um compromisso sobre a esperada valorização.
O Governo chinês exigiu novamente que Washington reduza suas restrições às exportações de tecnologia para equilibrar o déficit comercial dos EUA com a China.
Neste sentido, Wang pediu o fim da restrição americana à exportação de tecnologia militar à China.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores chinês, Ma Zhaoxu, não deixou claro se as duas potências reataram seu diálogo militar, depois da tensão gerada pela venda de armas americanas à ilha de Taiwan.
Como contrapartida a uma possível exportação de alta tecnologia americana à China, o vice-ministro de Ciência e Tecnologia Cao Jianlin disse que o Governo revisou uma normativa sobre pesquisa e desenvolvimento local, que, segundo Washington, discriminava as companhias estrangeiras.
"Acreditamos que as companhias estrangeiras estão de acordo em que a última minuta da lei não é discriminatória e reflete os princípios dos direitos de proteção intelectual", explicou Cao, em entrevista coletiva.
Já Hillary tentou pressionar Pequim para que se una a uma ação conjunta contra a Coreia do Norte após o afundamento da corveta sul-coreana "Cheonan", no qual 46 marinheiros morreram.
No entanto, Pequim respondeu pedindo moderação sobre a crise entre as Coreias, para evitar uma escalada de tensões, uma atitude que mantém também diante da crise nuclear iraniana.