Chile: durante os protestos aconteceram graves, incêndios, saques e atos de vandalismo (Carlos Vera/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de outubro de 2019 às 09h34.
Santiago - O governo do Chile decretou o estado de emergência para controlar as áreas de Santiago que foram palcos de violentos protestos na sexta-feira, o que significa confiar a um comando militar a segurança da região e implica uma restrição à liberdade de locomoção e reunião por um prazo 15 dias.
A radicalização dos protestos devido ao aumento do preço da passagem de metrô em Santiago derivou na sexta-feira uma jornada de graves desordens, com incêndios em vários pontos da cidade, saques e atos de vandalismo que geraram o caos na capital.
Enquanto os policiais dos Carabineiros trabalhavam para tentar aplacar os distúrbios e os bombeiros apagavam as chamas em diversas estações de metrô, ônibus, barricadas e inclusive na sede da empresa de energia Enel, o governo analisava as possíveis medidas a serem tomadas.
Após uma longa reunião no Palácio de La Moneda (sede do governo) com os ministros de Interior, Andrés Chadwick, e da Defesa, Alberto Espina, o presidente Sebastián Piñera decretou o estado de emergência e nomeou o general de divisão Javier Iturriaga del Campo como chefe da Defesa Nacional nas zonas da Região Metropolitana mais afetadas pelas desordens.
Concretamente, o decreto rege para a província de Santiago - que abriga a maior parte dos municípios da Região Metropolitana -, a província Chacabuco, as cidades de Puente Alto e San Bernardo, setores todos pertencentes à região.
"Frente aos graves e reiterados ataques e atentados contra as estações e as instalações do metrô de Santiago, contra a ordem pública e a segurança cidadã, decretei estado de emergência. O objetivo é muito simples, mas muito profundo: garantir a ordem pública, a tranquilidade dos habitantes da cidade de Santiago, proteger os bens públicos e privados e, sobretudo, garantir os direitos de todos", afirmou o presidente em rede nacional.
Com esta medida, que caso necessário pode ser prorrogada por outros 15 dias se o Congresso Nacional permitir, Iturriaga assumiu o comando das forças policiais nesses setores e está autorizado a mobilizar os militares, o que já ordenou.
"Assumi o controle e o comando das forças militares e as forças de ordem e segurança, e estamos autorizados a evitar que continuem cometendo desmandos e destroços na cidade e, o mais importante, recuperar à rapidamente os direitos e as liberdades das pessoas para que possam seguir exercendo a sua vida com normalidade", disse Ituarriaga em entrevista coletiva.
Embora tenha recomendado aos cidadãos que retornassem às suas casas, o general de divisão declarou que, por enquanto, não irá decretar o toque de recolher.
Desde a segunda-feira passada, centenas de pessoas, especialmente estudantes do ensino médio e universitários, realizam medidas de protesto pelo aumento de 30 pesos no preço das passagens de metrô decretado há duas semanas. A passagem passou a custar até 830 pesos (R$ 4,80) na hora do rush.
Os manifestantes compareceram em massa às estações de metrô e entraram sem pagar, causando destroços e enfrentando a polícia. Com o aumento dos distúrbios, o metrô de Santiago, que transporta diariamente quase 3 milhões de pessoas, fechou todas as estações na sexta-feira, o que produziu o colapso do trânsito e e pedestres sem locomoção.
Paralelamente, grupos violentos radicais enfrentara, diretamente os Carabineiros e queimaram várias estações de metrô e bens públicos. Segundo os primeiros relatórios, 19 estações de metrô e 16 ônibus urbanos foram danificados e 180 pessoas foram detidas.
O metrô de Santiago é gerido por uma empresa privada que tem participação do Estado chileno. O preço das passagens é estabelecido pelo chamado Painel de Analistas com base em vários indicadores, como a inflação, o custo dos recursos para a operação, entre outros fatores, e é aprovado pelo Ministério dos Transportes.