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Cerca de 4 mil soldados franceses vivem guerra no Mali

Paris reconheceu que ainda há combates na região de Gao, embora já fale da retirada dos 4.000 militares em março próximo


	Tropas francesas em atividade no Mali: os confrontos em Gao provam que os islamitas ainda resistem no norte do Mali.
 (Joe Penney/Reuters)

Tropas francesas em atividade no Mali: os confrontos em Gao provam que os islamitas ainda resistem no norte do Mali. (Joe Penney/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 13h33.

Gao - Os soldados franceses no Mali enfrentam uma "verdadeira guerra" contra os islamitas armados, segundo Paris, que reconheceu que ainda há combates na região de Gao (noroeste), embora já fale da retirada dos 4.000 militares em março próximo.

"Tivemos confrontos na terça-feira nas proximidades de Gao", declarou o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian. Durante patrulhas franco-malinenses nos arredores das cidades reconquistadas, "encontramos grupos jihadistas", relatou.

Ocupada durante meses por islamitas armados, Gao é a maior cidade do norte do Mali e a primeira a ser reconquistada pelas tropas francesas e malinenses no dia 16 de janeiro, após intensos bombardeios aéreos franceses. Soldados nigerianos também participaram da ação.

Terça-feira, "foram disparados tiros de lança-foguetes por grupos jihadistas residuais na região de Gao. É uma verdadeira guerra. Quando retomamos Gao, houveram combates", segundo Le Drian.

"Durante todas as noites, incluindo a noite passada, a Força Aérea francesa ataca locais de treinamento ou grupos de picapes dos grupos jihadistas, é uma guerra. É uma verdadeira guerra contra os grupos terroristas, é uma guerra que nos permite marcar pontos contra esses grupos e nós vamos continuar", insistiu Le Drian.

O Movimento pela União e a Jihad na África Ocidental (Mujao), que ocupava Gao, afirmou na terça-feira ter atacado as posições de soldados franceses e africanos em Gao.


Fontes próximas a Força Militar Africana no Mali (Misma), que conta com apenas 2.000 no terreno no momento, negaram qualquer ataque contra suas posições.

Nesta quarta-feira, dois adolescentes armados com um revólver e duas granadas foram detidos em Gao por soldados malinenses. As hipóteses de tentativa de ataque ou assalto são investigadas.

As forças que garantem a segurança em Gao e sua região foram reforçadas para combater uma eventual infiltração de combatentes islamitas, indicou uma fonte do Exército do Mali. Helicópteros franceses patrulham o eixo Duentza-Gao, segundo testemunhas.

O ministro francês da Defesa reconheceu que desde o início da intervenção francesa no país, em 11 de janeiro, "alguns franceses foram feridos, mas com ferimentos relativamente leves". Além da morte de um piloto de helicóptero nas primeiras horas da intervenção, a França fala de "dois ou três feridos, sem gravidade".

A França tem mobilizados atualmente no Mali cerca de 4.000 soldados, quase o dobro do que havia sido previsto no início do conflito. Este número, que equivale ao contingente presente no Afeganistão em seu auge em 2010, não aumentará mais, segundo Le Drian.

Entre os jihadistas, "foram registradas perdas significativas", indicou o ministro, acrescentando que não faria contabilidade. Mas na terça-feira, seu ministério falou de "várias centenas" de mortos durante os ataques aéreos contra picapes que transportavam homens e materiais de guerra, e durante "combates diretos em Konna e Gao".

Uma ofensiva surpresa dos islamitas armados em 10 de janeiro em Konna, cidade do centro do Mali, provocou a entrada da França na guerra para acabar com o avanço dos grupos jihadistas para o sul e a capital Bamako.


Nesta quarta-feira, o presidente francês François Hollande confirmou que as tropas francesas no Mali começarão a se retirar em março, "se tudo acontecer como previsto".

Os confrontos em Gao provam que os islamitas ainda resistem no norte do Mali.

Alguns jornalistas também constataram que os cerca de 400km de estrada que separam as cidade de Duentza e Gao estão cheios de minas terrestres.

Kidal e sua região, principalmente o maciço de Ifoghas situado ao norte, perto da fronteira com a Argélia e onde estão escondidos parte dos líderes e combatentes dos grupos ligados à Al-Qaeda, continua a ser a região mais sensível e alvo de muitos bombardeios da aviação francesa.

A cidade, que era controlada pelos rebeldes tuaregues e islamitas que se afirmam "moderados" e prontos "ao diálogo" com Bamako, está sob a responsabilidade de 1.800 soldados do Chade, enquanto as tropas francesas controlam o aeroporto.

Os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional de Libertação do Azawad (MNLA) afirmaram que "coordenariam" suas ações no norte do Mali com as forças francesas contra os "terroristas" islamitas em fuga.

Um porta-voz, que defendeu um "real engajamento" do MNLA "na luta contra o terrorismo", não deu detalhes sobre o modo como o grupo iria cooperar com os soldados francesas em Kidal, berço dos Tuaregues.

Le Drian reconheceu que os soldados franceses mantinham em Kidal "relações funcionais com o MNLA", movimento que lançou uma ofensiva em 17 de janeiro de 2012 no norte do Mali antes de ser expulso pelos jihadistas aos quais era aliado.

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