Mundo

Centro-esquerda italiana rejeita "chantagem" de Berlusconi

Partido de Silvio Berlusconi ameaçou derrubar a coalizão governista se ele tiver seu mandato parlamentar cassado


	Ex-primeiro-ministro italiano: relações entre o PDL, de Berlusconi, e o PD, do premiê Enrico Letta, estão por um fio devido ao processo de cassação de Berlusconi
 (Remo Casilli/Reuters)

Ex-primeiro-ministro italiano: relações entre o PDL, de Berlusconi, e o PD, do premiê Enrico Letta, estão por um fio devido ao processo de cassação de Berlusconi (Remo Casilli/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 10h11.

Roma - O líder da centro-esquerda italiana disse nesta segunda-feira que o partido se recusa a aceitar qualquer "chantagem" de Silvio Berlusconi, cujo partido ameaçou derrubar a coalizão governista se ele tiver seu mandato parlamentar cassado.

As relações entre o Povo da Liberdade (PDL, de Berlusconi) e o Partido Democrático (PD, do premiê Enrico Letta) estão por um fio devido ao processo de cassação de Berlusconi, a ser votado em outubro pelo Senado, como consequência da sua recente condenação pela Justiça por fraude tributária.

Numa reunião no fim de semana na mansão de Berlusconi em Milão, a cúpula do PDL disse que a cassação dele seria "impensável", e ameaçou abertamente derrubar a coalizão se o PD votar pela perda do mandato do ex-premiê conservador, homem mais rico da Itália.

"O PD rejeita qualquer chantagem ou ultimato por parte do PDL", disse o secretário do PDL, Gugilelmo Epifani, ao jornal La Repubblica, reafirmando a posição do seu partido pela cassação de Berlusconi.

"Berlusconi precisa levar em conta o que levou à sua condenação, e tem de explicar por que ele precisaria derrubar o governo num momento de crise." Epifani alertou que, se o governo cair num momento em que o país ensaia uma recuperação após dois anos de recessão, haverá "custos enormes" para a sociedade, e novos abalos no mercado financeiro.

Letta está tentando promover reformas destinadas a estimular a retomada do crescimento e a geração de empregos, mas enfrenta divisões internas desde que formou uma coalizão com o PDL, em fevereiro.

Os mercados de títulos se acalmaram, e os juros pagos pela dívida italiana caíram bem abaixo do nível preocupante que foi visto no auge da crise na zona do euro, em 2011, quando Berlusconi renunciou para dar lugar a um gabinete tecnocrata.

Mas, na segunda-feira, a diferença nos juros entre os títulos italianos com vencimento em dez anos e os papéis alemães que balizam o mercado subiu ligeiramente, refletindo a preocupação dos investidores com uma possível queda do governo italiano.

"Não parece que os políticos irão encontrar um compromisso para sair da crise, o que coloca na geladeira todas as medidas que precisam ser tomadas para estimular a economia", disse um operador financeiro de Milão. "Há o risco de que isso possa atingir nossa recuperação econômica num momento em que o país deu alguns sinais de engrenar."

Acompanhe tudo sobre:EuropaItáliaPaíses ricosPersonalidadesPiigsPolíticaPolíticosSilvio Berlusconi

Mais de Mundo

Legisladores democratas aumentam pressão para que Biden desista da reeleição

Entenda como seria o processo para substituir Joe Biden como candidato democrata

Chefe de campanha admite que Biden perdeu apoio, mas que continuará na disputa eleitoral

Biden anuncia que retomará seus eventos de campanha na próxima semana

Mais na Exame