Executivo da Catalunha reconheceu as dificuldades para seguir adiante com um plebiscito suspenso pelo Tribunal Constitucional (Albert Gea/Reuters)
Reuters
Publicado em 21 de setembro de 2017 às 09h11.
Madri - O vice-presidente catalão, Oriol Junqueras, disse nesta quinta-feira que o governo da região continua comprometido em realizar o referendo de independência no dia 1º de outubro, mas admitiu pela primeira vez que a organização da consulta foi alterada pelas ações judiciais e policiais dos últimos dias.
Depois que a Guarda Civil espanhola apreendeu quase 10 milhões de folhetos e documentação e que altos funcionários da administração catalã foram presos, o "número dois" do Executivo da Catalunha reconheceu as dificuldades para seguir adiante com um plebiscito suspenso pelo Tribunal Constitucional.
"Que as condições se alteraram é evidente", disse Junqueras em uma entrevista à TV3 no dia seguinte às ações que levaram milhares de manifestantes às ruas e tensionaram ainda mais as relações entre a Catalunha e o governo espanhol.
O governo da Espanha considera a consulta de 1º de outubro como logisticamente neutralizada, mas até agora os responsáveis do governo catalão vinham insistindo que nada impediria que o referendo fosse realizado.
Depois de reconhecer que as operações policiais dos últimos dias irão dificultar a votação, Junqueras insistiu que o governo local ecoa uma cidadania que em sua maioria continua querendo votar.
"É evidente que não vamos poder votar como gostaríamos, mas ao mesmo tempo tentamos assumir a responsabilidade que nos cabe", disse o político independentista.
Diante das críticas a ambos os governos e dos pedidos de diálogo para conter uma das piores crises políticas das últimas décadas no país, Junqueras se defendeu pedindo para não ser comparado com aqueles que "usam as cloacas do Estado" para deter "nossa gente".
De sua parte, o ministro e porta-voz do governo espanhol disse que foram muitos mais os que não compareceram aos protestos contra a operação para impedir a consulta.
"Nas manifestações se veem as pessoas que vão, mas não se veem as que não vão, que são muitas mais, as pessoas que estão em casa e às quais tudo isto não agrada nada, as pessoas normais que estão acostumadas a respeitar a lei todos os dias de sua vida", disse Íñigo Méndez de Vigo em uma entrevista à rádio Onda Cero.