Cartaxo diz que sua demissão depende de Mantega
Secretário nega que soubesse de plano para abafar quebra de sigilo
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.
Brasília - O secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, afirmou hoje ao jornal O Estado de S. Paulo que a sua demissão do cargo depende de uma decisão do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
"O cargo pertence ao ministro Mantega, essa pergunta deve ser feita a ele", afirmou o secretário. "Nós estamos navegando na crise. Não é uma crise administrativa, é política", disse. Quando a reportagem perguntou se ele tomaria a iniciativa de entregar o cargo, Cartaxo pediu para desligar o telefone.
Causou profundo mal estar no Planalto a informação de que o comando da Receita Federal montou uma operação para abafar o escândalo da quebra de sigilo de membros do PSDB e de Verônica Serra, filha do candidato tucano, José Serra. A operação, noticiada na edição desta quinta-feira do Estado teria o objetivo de evitar impacto político na campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff.
A reportagem mostrou que a Receita suspeitou de fraude na violação do sigilo fiscal da filha de Serra, mas mesmo assim montou uma operação para abafar o escândalo e evitar impacto político na campanha de Dilma. Em meio ao discurso oficial, iniciado na noite de terça-feira, de que não havia irregularidade, o governo já sabia que a procuração usada para violar os dados de Verônica Serra poderia ser falsa. Os novos documentos da investigação, a que o Estado teve acesso ontem, também provam que a Receita sabia desde o dia 20 de agosto que o sigilo fiscal de Verônica havia sido violado em setembro do ano passado.
Ao Estado, Cartaxo negou que na terça-feira já soubesse dos indícios de fraude. "Isso é uma inverdade. Eu só soube que a procuração tinha indícios de fraude ontem à tarde", afirmou. "A comissão que investiga o caso é independente. A comissão só comunica o que acha relevante", disse. "A comissão não é subordinada", ressaltou.
As palavras de Cartaxo, no entanto, se contradizem novamente. Na terça-feira à noite, quando o Estado revelou a violação do sigilo fiscal de Verônica, o Ministério da Fazenda e a Receita procuraram a imprensa, inclusive o Estado, para informar que não havia irregularidade que e os dados de Verônica foram consultados mediante requisição autorizada e assinada por ela. Ou seja, a direção da Receita já tinha sido informada pela comissão da existência da procuração.
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