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Carlos Mesa forma aliança na Bolívia para pressionar por segundo turno

O candidato acusa Evo Morales de orquestrar uma fraude para vencer no primeiro turno, com o auxílio das autoridades eleitorais

Carlos Mesa: candidato à presidência na Bolívia acusa o atual governante, Evo Morales, de cometer fraude eleitoral (Ueslei Marcelino/Reuters)
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AFP

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 06h37.

O candidato presidencial boliviano Carlos Mesa, adversário do presidente Evo Morales nas eleições de domingo passado, anunciou nesta quarta-feira (24) a formação de uma "Coordenação de Defesa da Democracia", com o objetivo de pressionar para que haja um segundo turno.

O objetivo da aliança com os partidos da direita e líderes centristas é "conseguir que se cumpra a vontade popular de definir a eleição presidencial no segundo turno", destaca uma nota publicada no Twitter.

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A aliança articulada por Mesa é formada pelo governador de Santa Cruz, Rubén Costas, o candidato de direita Óscar Ortiz, o empresário Samuel Doria Medina, líder da Unidade Nacional (UN, centro direita), e Fernando Camacho, executivo do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz, da direita radical, entre outros.

Mesa acusa Morales de orquestrar uma fraude para vencer no primeiro turno, com o auxílio das autoridades eleitorais.

O comunicado convoca os bolivianos à "mobilização pacífica até que se consiga o objetivo democrático da declaração do segundo turno eleitoral".

Uma missão de observadores da OEA já recomendou que, diante da desconfiança sobre o processo eleitoral, "continua sendo uma melhor opção convocar o segundo turno".

Nesta quarta-feira, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) defendeu a realização de "um segundo turno, com uma supervisão imparcial, como a melhor saída democrática para o momento em que vivemos".

"Nos preocupa o risco de confrontação entre os bolivianos diante de um processo eleitoral que, apesar do comportamento exemplar dos eleitores, perdeu a credibilidade pelas irregularidades", destacaram os bispos.

Faltando menos de 2% dos votos para a conclusão da apuração, Morales se declarou "quase seguramente" vencedor da eleição.

"Eu estou quase certíssimo de que com os votos de áreas rurais vamos vencer no primeiro turno", disse o presidente de esquerda.

O site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrava às 2h07 locais (3H07 de Brasília) que Morales tem 46,32% dos votos válidos, contra 37,08% para o ex-presidente Mesa, pouco mais de nove pontos de diferença.

Morales vencerá no primeiro turno se obtiver ao menos 10 pontos de vantagem sobre Mesa.

O ministro da Justiça, Héctor Arce, declarou que é preciso esperar o resultado oficial final do Tribunal Superior Eleitoral antes de qualquer decisão, pois convocar o segundo turno diretamente "seria ignorar" a Constituição, "o que é pior que ignorar a vontade popular".

Queda de braço

Uma greve geral indefinida começou nesta quarta-feira. Grupos leais e opositores ao presidente entraram em confronto na cidade de Santa Cruz.

Morales denunciou que "está em processo um golpe de estado", em aparente referência aos protestos e à greve indefinida. "Quero que o povo boliviano saiba que até agora suportamos humildemente para evitar a violência e não entramos em confronto", disse.

Suas declarações foram acompanhadas por seu aliado venezuelano Nicolás Maduro, que afirmou: "É um golpe de Estado anunciado, cantado e, posso dizer, derrotado. O povo boliviano derrotará a violência".

Mesa, por sua vez, pediu "a mobilização permanente" de forma "democrática e pacífica" em defesa do voto, até que o tribunal eleitoral "reconheça que o segundo turno deve ser realizado".

"Não vamos permitir que nos roubem uma eleição pela segunda vez", acrescentou, referindo-se ao resultado de um referendo que não foi reconhecido por Morales para se candidatar a um quarto mandato.

A greve convocada por um coletivo de organizações civis dos nove departamentos do país começou a tomar corpo em Santa Cruz, onde manifestantes queimaram parte da sede do tribunal eleitoral na noite de terça-feira.

A greve também avança na rica região mineradora de Potosí e em outras zonas.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu à Bolívia para garantir a segurança, a integridade e as liberdades cidadãs, ao expressar sua "preocupação diante de graves atos de violência".

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