"Nós só vamos reconhecer o resultado quando for contado cada voto dos venezuelanos", disse Capriles (REUTERS/Marco Bello)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2013 às 06h17.
Caracas - O homem ao qual Hugo Chávez ungiu como sucessor político, Nicolás Maduro, conseguiu uma vitória apertada nas eleições presidenciais da Venezuela, uma vitória que o candidato opositor, Henrique Capriles, anunciou que não aceitará até que se faça uma apuração completa "voto por voto".
Apenas seis meses depois de Chávez ter ganhado com dez pontos de vantagem Capriles (1,6 milhões de votos), Maduro conseguiu apenas não 234.935 votos mais que o líder opositor, em uma eleição na qual participou 78,71% dos 18,9 milhões de venezuelanos convocados às urnas.
Maduro teve 7.505.338 votos, 50,66%, enquanto Capriles obteve 7.270.403 (49,07%), segundo informou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com 99,12% dos votos apurados, de uma eleição convocada após a morte de Chávez no dia 5 de março.
As centenas de chavistas que se reuniram desde a tarde do domingo na frente do Palácio de Miraflores para comemorar o que esperavam ser uma vitória folgada, fizeram do festejo um ato obrigatório com pouca alegria e muito cansaço.
Perante eles, Maduro defendeu a validade de seu triunfo.
"Podemos dizer que temos uma vitória eleitoral justa, legal, constitucional, popular", afirmou Maduro em discurso no palácio de Miraflores (sede de Governo) no qual voltou a reiterar as denúncias de guerra psicológica e planos de desestabilização contra si.
Após o anúncio dos resultados o reitor do CNE Vicente Díaz, ligado à oposição, propôs a apuração de 100% dos votos físicos que o sistema eletrônico facilita como respaldo ao voto eletrônico, a fim de contrastar os resultados.
"Bem-vinda a auditoria, já estava estipulada a auditoria", disse Maduro, ao lembrar que este é "o único lugar do mundo" em que se faz auditoria de 54% das urnas em cada eleição.
"Os mais interessados na auditoria somos nós, eu solicito oficialmente ao Conselho Nacional Eleitoral a realização de uma auditoria", ratificou Maduro.
Maduro disse que falou durante 15 minutos por telefone com Capriles sobre os resultados do pleito e afirmou que o líder opositor lhe propôs um "pacto" prévio ao anúncio dos resultados oficiais, mas ele o rejeitou.
O candidato do governo explicou que, segundo essa proposta, Capriles estava "condicionando que o poder eleitoral complete seu papel e informe os resultados oficiais a uma auditoria que poderia durar semanas".
O presidente encarregado formulou, além disso, um apelo à oposição para que saiba administrar o resultado deste processo "com humildade".
"Faço este apelo, com o espírito do meu comandante e pai, Hugo Chávez, por favor, saibam administrar o resultado que obtiveram com humildade, sem prepotência, sem desafiar a Venezuela inteira, sem apelar para a violência", sustentou.
Capriles reagiu assegurando que reconhecerá o resultado somente depois que todos os votos forem contados, assegurando que tinha relatos de pelo menos 3.200 incidências neste dia de votação.
"Nós só vamos reconhecer o resultado quando for contado cada voto dos venezuelanos", disse Capriles para seus seguidores, entre os quais havia um sentimento de resignação, matizado pela perspectiva de uma futura apuração dos votos.
O líder opositor, de 40 anos, afirmou que o derrotado das eleições presidenciais foi Maduro e seu Governo.
"Eu digo ao candidato do Governo: o derrotado no dia de hoje é o senhor. O senhor é o derrotado, o senhor e seu Governo", afirmou.
Capriles negou os comentários que Maduro fez sobre uma suposta proposta de um pacto em uma conversa que mantiveram após os resultados serem divulgados.
"Eu não pactuo nem com a mentira nem com a corrupção, meu pacto é com Deus e com os venezuelanos", disse Capriles, ao assegurar que sua "boa intenção" quis ser "tergiversada e mal colocada para o país".
O candidato opositor depois apontou que o líder chavista representa um "sistema que está se derrubando, um castelo de areia que quando tocado cai" e assegurou que quer que na Venezuela aconteçam "as mudanças que os venezuelanos querem".
"Venezuela, lhes digo com muita firmeza, esta luta não terminou, esta luta terminará no dia em que a Venezuela for um país próspero", sentenciou Capriles.
Após o anúncio dos resultados, o ministro da Defesa da Venezuela, Diego Molero, assegurou que as Forças Armadas são fiadoras do resultado do pleito e farão com que os resultados sejam respeitados.